Ibovespa perde a marca dos 110.000 pontos e volta a patamar de novembro de 2020 (Amanda Perobelli/Reuters)
Marcelo Sakate
Publicado em 31 de agosto de 2020 às 05h50.
O aumento das incertezas político-econômicas se refletiu na rentabilidade de algumas das principais classes de ativos em agosto.
A um dia do fim do mês, o Ibovespa está praticamento no zero a zero, com uma queda acumulada de 0,75%, aos 102.142 pontos. Se não anular a perda nesta segunda-feira, 31, vai interromper a sequência de quatro meses de recuperação depois do fundo do poço causado pela pandemia do novo coronavírus. No período, o principal índice da B3 acumulou valorização de quase 40%.
O desempenho mais fraco da bolsa se reflete em muitas categorias de fundos de ações, como os que reúnem empresas pagadoras de dividendos. A rentabilidade média no mês é negativa em 1,39%, segundo dados da Anbima até a última sexta, 28.
Inicialmente a debandada de membros da equipe econômica, com a saída dos secretários Salim Mattar (Desestatização) e Paulo Uebel (Desburocratização), e, nos últimos dias, declarações do presidente Jair Bolsonaro relativizando o respeito ao Teto dos Gastos ampliaram a percepção de risco da economia brasileira, com reflexos sobre as ações, o câmbio e os juros.
Foi um mês em que o Ibovespa ficou estacionado no patamar ao redor dos 100 mil pontos, descolando da sequência de recordes dos índices americanos. O S&P 500 subiu 7,24% desde o fim de julho e quebrou no último dia 18 de agosto o recorde histórico que havia sido alcançado seis meses atrás, antes do início da pandemia fora da China e, em particular, nos Estados Unidos.
Já o Nasdaq Composite acumula alta de 8,84% no mês, tendo batido 12 recordes de fechamento no período.
Na renda fixa, os títulos do Tesouro Direto com prazos mais longos voltam a registrar rendimento mensal negativo diante do aumento das incertezas, assim como já havia acontecido nos meses mais agudos da crise. O IPCA+ com vencimento em 2035, por exemplo, apresenta queda de 3,05% nos 30 dias até a sexta-feira passada, 28.
O CDI, que serve ainda como referência para a renda fixa, teve variação de 0,15% no mês até a sexta.
Já o dólar voltou a se valorizar: depois de encerrar julho negociado a 5,2185 reais, chegou a superar a marca de 5,60 reais antes de ceder quase 3% na sexta-feira em decorrência principalmente do cenário externo e recuar para 5,4156 reais. Ainda assim, acumula valorização de 3,8% no mês.