Mercados

Rio quer ressurgir como centro financeiro

Bolsa americana quer instalar um novo mercado de ações na cidade, o primeiro desde 2002

“Este é um grande dia para o Rio”, comemorou Marcelo Haddad, diretor da Rio Negócios (Bruno Leivas/Stock.Xchng)

“Este é um grande dia para o Rio”, comemorou Marcelo Haddad, diretor da Rio Negócios (Bruno Leivas/Stock.Xchng)

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Da Redação

Publicado em 21 de novembro de 2011 às 11h01.

São Paulo – O Rio de Janeiro quer ressurgir como um centro financeiro para o Brasil, algo que não vive desde 2002 quando a Bolsa do Rio foi incorporada pela BM&FBovespa (BVMF3). A americana Direct Edge Holdings anunciou nesta segunda-feira a sua intenção de criar um novo mercado de ações no país com a sua sede na capital fluminense. A intenção é oferecer uma plataforma que negocie ações, ETFs (fundos de ações que negociam em bolsa), e também certificados de depósitos de ações.

“Ter uma das maiores bolsas de valores dos Estados Unidos operando aqui irá promover um incentivo para outros participantes do mercado financeiro global e provavelmente irá atrair serviços de corretoras e outras empresas de tecnologia”, disse Eduardo Paes, prefeito da cidade do Rio de Janeiro, em uma nota.

A Direct Edge, quarta maior bolsa americana com uma participação de mercado de 10% nos EUA, pretende iniciar as operações no último trimestre de 2012. O JPMorgan Chase e a Citadel Investment Group são sócios da empresa. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda está avaliando o plano. Um CEO para o Brasil será apontado para estreitar o relacionamento com os participantes locais. 

A empresa lançou um hot site para hospedar as informações do projeto Direct Edge Brasil.

A competição irá atrair novos investidores, diz O'Brien

“A economia brasileira está entre as de crescimento mais acelerado no mundo e acreditamos que uma segunda bolsa no país irá impulsionar ainda mais a participação por meio da competição que leva a inovação e a melhora nos preços”, ressalta William O’ Brien, CEO da Direct Edge. 

A ideia, segundo ele, é customizar a tecnologia às necessidades do mercado brasileiro.

“Este é um grande dia para o Rio”, comemorou Marcelo Haddad, diretor executivo da Rio Negócios, a agência de promoção de investimentos da cidade que apoiou o desenvolvimento do projeto da Direct Edge


O Brasil já foi um país com vinte ambientes de negociações de ações e outros ativos financeiros. Esse era o cenário brasileiro na década de 1990. Porém, ao longo dos anos seguintes o mercado se consolidou e, depois da quase quebra da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, então a maior do País, hoje só se fala na BM&FBovespa, fusão entre o ambiente de negociações de derivativos e commodities com o de ações, realizada em 2008.

Outras bolsas

A BATS Global Markets, terceira maior bolsa americana, anunciou em fevereiro que também pretende criar um ambiente alternativo de negociações no Brasil em parceria com a gestora brasileira Claritas. A sede, contudo, provavelmente seria baseada em São Paulo. A BRIX, bolsa de comercialização de energia que tem Eike Batista como sócio, tem as operações em São Paulo, mas a sede também é no Rio de Janeiro.

Obstáculos

Uma das principais barreiras para a chegada de um concorrente, segundo analistas, é o modelo integrado da BM&FBovespa. Além de bolsa, ela detém também a CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia), que é a contraparte para o mercado de ações e de renda fixa e responsável pela fiscalização dos pagamentos e recebimentos.

Em um relatório publicado nesta segunda-feira, a analista Regina Longo Sanchez avalia que a Direct Edge enfrentará “dificuldades” em seu plano de iniciar uma plataforma de negociação de ações no Brasil já que a BM&FBovespa não deve permitir que a empresa use seus serviços de compensação. Segundo ela, o plano não afeta o preço-alvo de 11,50 reais para as ações da bolsa porque o aumento da concorrência já está incluído na projeção.

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