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Restoque, da Le Lis e Dudalina, vira Veste e faz aumento de capital para voltar ao lucro

Companhia também vai mudar de CEO, enquanto reforma lojas e lança aplicativos das marcas para dobrar geração de caixa até 2025

Veste: novo nome da Restoque marca momento de mudança da empresa, diz presidente do conselho (Le Lis/Divulgação)
RB

Raquel Brandão

Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 18h28.

Última atualização em 15 de dezembro de 2022 às 18h47.

Dona das marcas de moda Le Lis, Dudalina, Bo.bô, Rosa Chá e John John, a Restoque mudou de look. Agora, não vai mais se chamar Restoque (LLIS3) e, sim, Veste — sob o ticker VEST3. Também vai fazer um aumento de capital de R$ 100 milhões, para acelerar reformas de lojas e os projetos digitais. No fim das contas, quer chegar a 2025 faturando 50% mais e dobrar o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, imposto, depreciação e amortização). Tudo isso depois da dívida bilionária ser convertida em ações e reduzir a alavancagem de 7,5 vezes para 0,5 ou 0,6 vez.

Em 2020, com dívida em torno de R$ 1,8 bilhão, a varejista apresentou um plano de recuperação extrajudicial. A saída do atoleiro veio em 2022. No fim de outubro, conseguiu fazer umas das maiores (se não for a maior) conversão de dívida em ações da história da bolsa brasileira. Converteu R$ 1,64 bilhão de dívidas em ações, o que mudou o controle da empresa e os planos para o futuro.

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A proposta de conversão partiu de sua maior credora, a gestora WNT, que hoje detém 56% do capital social da atual Veste. Essa participação pode crescer, caso haja sobras do aumento de capital de R$ 100 milhões agora proposto aos acionistas, explica Marcelo Lima, presidente do conselho de administração da empresa. Lima detém 4% do capital social da dona da Le Lis. "A ideia inicial é subscrever proporcional, mas pode subscrever as sobras, que dariam menos de 2%  a mais de capital."

O novo nome é para marcar o novo ciclo, conta Lima. "Desde 2019 começamos a corrigir alguns problemas que a marca teve no passado e a empresa passa por um momento extraordinário agora. É momento de olhar para a frente. Temos um plano de crescimento, que é ambicioso". Atual CEO, Livinston Bauermeister vai para o conselho enquanto Alexandre Afrange, que atuava como diretor de operações, assume o comando da empresa.

No plano, os dois principais focos são renovar as lojas e impulsionar as vendas digitais, que hoje já respondem por 20% — um índice alto para o segmento de moda — das vendas. Para as lojas, hoje 185 unidades, o objetivo é reformar 50 delas, enquanto aberturas podem acontecer, mas apenas "pontualmente". "O retorno da reforma de lojas foi muito acima do que a gente imaginava. Reformamos nove lojas e em todas elas ganhamos 20% [ de crescimento ] de venda", explica Lima. A divisão de investimento vai ser proporcional ao faturamento de cada marca, segundo ele.

Já nas frentes digitais, o objetivo é intensificar o canal que tem dado certo. Até 2019, 4% das vendas eram online. Atualmente, são 20%. Por isso, a empresa quer lançar aplicativos para cada uma de suas marcas, começando pela Le Lis, que tirou o Blanc do nome e é a joia da coroa em termos de receita.

No acumulado de nove meses até o fim do terceiro trimestre de 2022, a receita líquida da Veste cresceu 34% ante o ano anterior, para R$ 788 milhões, valor que supera até mesmo os nove meses de 2019, ano anterior à pandemia. O prejuízo líquido ainda cresceu, chegando a R$ 169,5 milhões, mas justamente pressionado pelo resultado financeiro, que até setembro ainda sentia o efeito da dívida de quase R$ 2 bilhões.

Com crescimento de venda em todas as marcas, Lima diz que a Veste deve focar no crescimento orgânico, embora não descarte aquisições. "V emos potencial para todas as nossas marcas e estamos 100% comprometido no desenvolvimento delas. Aquisições não estavam dentro do escopo até outubro. Dada a mudança da estrutura de capital, posso dizer que nosso foco é crescimento orgânico, mas que não vamos descartar ativos para análise. Mas entendo que temos tantas oportunidades internas nesse momento", reflete.

Ações em alta

A notícia das mudanças e do aumento de capital jogaram o papel para cima, valorizando 10,9% nesta quinta-feira, 15, para R$ 1,62. O valor, no entanto, ainda está bem abaixo — 87% abaixo para mais precisa — da estreia da ação na bolsa. Reflete, inclusive o desinteresse que o mercado tinha para o ativo. Na cobertura, apenas os bancos BTG Pactual (do mesmo grupo da EXAME) e o Santander aparecem no site de relações com investidores da varejista.

E se comparado com outros grupos de moda, o desempenho também é bem distinto. A ação da Arezzo &Co (ARZZ3) por exemplo, foi negociada a R$74,83 hoje, 254% mais do que em 2011, quando chegou na bolsa. Já o Grupo Soma (SOMA3), dona da Farm e da Animale, tem papéis negociados a R$ 9,04, também em queda em relação ao seu primeiro dia de negociação, quando foi cotada a R$ 11,03.

"A empresa estava bastante tímida em relação ao mercado até ter uma certeza de que tínhamos um plano para o futuro. Mas agora eu diria que esse ciclo novo inclui voltar a falar com investidores e buscar base de acionistas maiores, para trazer mais liquidez ao papel", diz Lima.

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