Dólar: moeda terminou o dia em alta de 1,24%, a R$ 2,8690 (Ingram Publishing/ThinkStock)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 17h17.
São Paulo - Se na terça-feira, 24, a presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Janet Yellen, deu a deixa para que o mercado doméstico de câmbio realizasse parte dos lucros recentes, acumulados em 7% no mês até anteontem, nesta quarta-feira, 25, a Petrobras sustentou o movimento inverso.
O mercado viu no rebaixamento da estatal do petróleo para a categoria "especulativa" uma razão mais do que forte para se posicionar em dólar, em meio a aversão a risco com a economia brasileira.
A moeda, assim, terminou a sessão em alta e na contramão do exterior.
O dólar terminou o dia em alta de 1,24%, a R$ 2,8690. Na mínima, marcou R$ 2,8410 (+0,25%) e, na máxima, R$ 2,8850 (+1,80%).
No mês até hoje, acumula elevação de 6,85%. No mercado futuro, o contrato para março avançava 1,34%, a R$ 2,8710.
Embora todos no mercado soubessem do quadro sombrio da Petrobras, havia uma expectativa de que o governo conseguiria impedir a empresa de perder seu grau de investimentos.
Mas a Moody"s não viu dessa forma e, de uma tacada só, derrubou a nota da estatal em dois degraus e, agora, a empresa se viu como "especulativa".
O pesadelo da estatal seria pior se ela tivesse notas como "junk" de duas agências de rating, já que essa é a condição "sine qua non" para que fundos retirem de fato seus recursos dos papéis da estatal.
Ao que parece, a empresa tem um fôlego até abril, que é para quando é esperado um rebaixamento pela S&P.
De todo o modo, mais do que a nota da Petrobras em si, o que o mercado está observando agora é a possibilidade de contágio para a nota soberana.
A presidente Dilma Rousseff disse hoje que o governo fará de tudo para impedir que o país perca seu grau de investimento.
Mas é sabido que o Executivo corre contra o tempo porque a lua-de-mel do mercado com o governo já terminou faz tempo.
As medidas de ajuste fiscal têm que ser aprovadas pelo Congresso e a Fazenda precisa fazer cortes ousados em gastos para mostrar o comprometimento que o mercado quer ver nas contas públicas.
Ao que parece, uma corrente do mercado acredita que a decisão da Moody"s serviu para trazer o governo - e os congressistas - à realidade e pode apressar a aprovação das medidas provisórias que mexem em benefícios trabalhistas e previdenciários. E isso pode acelerar a conversão dos ideais à meta de superávit de 1,2% este ano.
Por enquanto, o mercado se defende como pode, daí o reflexo no dólar e nos juros.