Petróleo: disparou nos primeiros meses de 2021 apoiado pelo aumento do consumo, bem como pela surpreendente medida anunciada na semana passada pela aliança Opep+ (Daniel Acker/Bloomberg)
Karla Mamona
Publicado em 8 de março de 2021 às 10h07.
Última atualização em 8 de março de 2021 às 10h08.
Com o petróleo perto de US$ 70 o barril, refinarias asiáticas alertam que a rápida alta dos preços e a maior volatilidade afetarão a demanda e reduzirão as margens de processamento ainda apertadas.
Devido à valorização dos contratos futuros bem como preços oficiais de venda acima do previsto fixados pela Arábia Saudita, refinarias asiáticas esperam outro impacto nas margens, de acordo com vários processadores pesquisados pela Bloomberg.
A demanda global por combustíveis como gasolina e diesel tem se recuperado com o avanço dos programas de vacinação e sinais de aquecimento nas principais economias.
Na Ásia, refinarias em grandes economias, como China e Índia, têm aumentado lentamente as taxas de operação desde o ano passado, incentivadas por margens em constante melhoria. Mas a forte alta dos preços do petróleo agora coloca essa recuperação em risco.
“Os preços mais altos colocarão um freio na recuperação da demanda por combustíveis em curso”, disse Lin Keh-Yen, porta-voz da Formosa Petrochemical, de Taiwan. “A recuperação das margens de refino levará ainda mais tempo.”
O petróleo disparou nos primeiros meses de 2021 apoiado pelo aumento do consumo, bem como pela surpreendente medida anunciada na semana passada pela aliança Opep+, que decidiu manter a produção e estender os cortes voluntários da Arábia Saudita. As cotações também ganharam mais impulso com os riscos geopolíticos, depois que rebeldes houthis atacaram o maior terminal de petróleo do mundo no fim de semana.
“O rápido aumento dos preços do petróleo pode prejudicar a nascente recuperação da demanda”, disse Victor Shum, vice-presidente de consultoria de energia da IHS Markit. “As tensões geopolíticas no Oriente Médio são certamente preocupantes.”
O petróleo tipo Brent chegou a superar US$ 70 o barril na segunda-feira pela primeira vez desde o início de 2020, após o ataque malsucedido contra o terminal Ras Tanura. O valor se compara a pouco mais de US$ 50 no final de 2020, e a cerca de US$ 35 um ano atrás. As refinarias na China e na Índia obtêm a maior parte do petróleo do Oriente Médio.
Dado que os preços dos produtos normalmente não sobem tão rápido quanto os custos do petróleo, “isso afetará as margens de refino na Ásia”, disse Shum, da IHS. “Isso não será útil.”
Na Ásia, a China liderou a recuperação do crescimento da demanda por petróleo após o impacto da pandemia, enquanto usinas voltadas para a exportação na Coreia do Sul e Taiwan continua a enfrentar o fraco consumo de combustível de aviação. Já a Índia registra preços recordes nas bombas no mercado interno.