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Quem ganha com a alta da inflação

Corretora do Itaú diz que seis setores ganham e dois perdem com a decisão do BC de manter os juros e ser mais condescendente com a alta dos preços

Segundo analistas, shoppings devem ser beneficiados por fase de alta da inflação (.)
DR

Da Redação

Publicado em 23 de março de 2010 às 14h06.

São Paulo - Ao contrário do que o mercado esperava, o comitê de política monetária (Copom) do Banco Central não elevou a taxa básica de juros em sua mais recente reunião, na última sexta-feira (19/03). O aperto monetário para conter a inflação, que era esperado pelo mercado para a última reunião do Copom, deve vir no mês de abril. Para os analistas da corretora do Itaú Unibanco, enquanto o ajuste na taxa não vier, dando espaço para uma alta dos preços, seis setores podem conseguir bons ganhos.

Em um ambiente com inflação elevada, companhias com receitas indexadas a índices de inflação, como o setor de serviços, empresas administradoras de rodovias e shoppings, naturalmente tendem a ser mais beneficiadas. Por outro lado, empresas de setores como educação e construção civil acabam tendo um impacto negativo no desempenho de seus papéis.

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No caso das concessionárias e de empresas de transmissão de energia, as receitas são atualizadas com base no comportamento do Índice Geral de Preços de Mercado (IGPM) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). À medida que a inflação puxa os preços para cima, os indicadores aumentam e exercem efeito positivo sobre os ganhos destas companhias. É o que acontece, por exemplo, com os resultados de empresas como a CCR e a AES Tietê.

As distribuidoras de energia também têm suas receitas impactadas pela oscilação dos índices de inflação. Entretanto, segundo os analistas da corretora do Itaú Unibanco, é importante lembrar que o processo de revisão tarifária elimina esses ganhos depois de quatro ou cinco anos. Já para as geradoras de energia elétrica, apesar de haver impacto positivo com o aumento da inflação, as margens com que tais empresas operam são tão elevadas que o resultado de tais efeitos é menor em comparação com as distribuidoras e as companhias de transmissão.


Com os shoppings, o resultado da inflação do desempenho dos papéis em bolsa é semelhante. A parte fixa das receitas dessas empresas (cerca de 64% da receita) é ligada aos índices de inflação. As ações do grupo Iguatemi (IGTA3), por exemplo, seguem o comportamento do IPCA, enquanto que os papéis da BR Malls (BRML3) está ligada ao IGPM.

Na contramão das oportunidades está o setor de educação. Embora os custos de trabalho e renda sejam influenciados pelos índices de preços, a elevada competição no setor e as dificuldades em atrair novos alunos tornam difícil o caminho de empresas do ramo em tempos de alta da inflação. A única exceção, para os analistas do Itaú Unibanco, é o Sistema Educacional Brasileiro (SEBB11), porque a empresa opera na área de educação básica.

O setor de construção civil mostra dois possíveis comportamentos em casos de inflação elevada. Os construtores de empreendimentos para a alta-renda costumam repassar adiante a inflação dos custos de construção civil, o que neutralizaria o efeito do aumento de preços sobre as ações de tais companhias. No entanto, o custo inicial dos terrenos também é indexado à inflação, gerando alguns ganhos.

Por outro lado, as construções para a baixa-renda tendem a ser impactadas negativamente. Uma vez que a inflação reduz o poder de compra da população, empreendimentos construídos com o financiamento do programa federal Minha Casa, Minha vida, geralmente saem prejudicados nas fases de alta da inflação.


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