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Por que o menor IPCA dos últimos três anos assustou o mercado e derrubou a bolsa

Ibovespa chegou a cair mais de 1,5% no pregão desta terça, após IBGE divulgar números da inflação de junho

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 11 de julho de 2023 às 14h48.

Última atualização em 12 de julho de 2023 às 07h32.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira, 11, que o Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) terminou junho com 3,16% de alta no acumulado de 12 meses. O patamar é o mais baixo da inflação brasileira desde a medição referente a setembro de 2020. O número também saiu abaixo do centro da meta de inflação do Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, que é de 3,25%. Na comparação mensal, o indicador ficou negativo em  0,08%. Foi a primeira deflação mensal desde setembro do ano passado.

O menor IPCA dos últimos três anos até chegou a provocar uma reação positiva nos primeiros negócios no mercado de futuros brasileiro. Mas o otimismo gerado pela leitura inicial deu lugar à preocupação, conforme os economistas digeriam os dados. A linha da inflação de serviços, considerada mais persistente, foi o que assustou.

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A inflação de serviços teve alta de 0,62% em junho -- a maior desde fevereiro. No acumulado de 12 meses, a inflação de serviços terminou junho em 6,21%. Preços de passagens, gastos com habitação e com comida fora de casa puxaram a alta da inflação de serviços no mês.

"A leitura de hoje chamou atenção para o desempenho de serviços pior que esperado, mesmo com núcleos em linha e seguindo em desaceleração", disse Andréa Angelo, economista da Warren Rena.

Efeitos do IPCA na bolsa

As preocupações com o nível de inflação de serviços respingou na bolsa, com o Ibovespa chegando a cair mais de 1,5% na mínima do dia . Investidores também reduziram as apostas de um ciclo mais intenso de corte de juros neste ano, com os juros futuros com vencimento em janeiro operando em alta. A aversão ao risco só diminuiu no início da tarde desta terça, com ajuda do tom positivo no mercado internacional. O principal índice da bolsa brasileira reduziu as perdas para menos de 0,5%.

A maior volatilidade em dia de divulgação do IPCA ocorre em meio a apreensão de investidores quanto à intensidade dos cortes de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Expectativas de queda de juros

Já é consenso que o Copom dará início ao ciclo de queda na taxa de juros Selic na próxima decisão, em agosto. Mas investidores ainda se dividem quanto à intensidade. Enquanto parte do mercado vê espaço para o BC dar a largada no ciclo com um corte de 0,50 ponto percentual, parcela relevante do mercado aposta numa redução mais conservadora, de 0,25 p.p. na largada sucedida por cortes de 0,50 p.p. até o fim do ano.

Embora reconheça que a inflação tenha superado suas estimativas, David Becker, head de economia brasileira do Bank of America, manteve sua projeção de um corte mais agressivo, de 0,50 p.p., em agosto. "Até a próxima decisão do Copom, ainda será divulgado o IPCA de julho, que também deverá ser deflacionário, o que deve ratificar a decisão do Comitê de iniciar a flexibilização ciclo. Vemos um corte de 50 pb na taxa Selic em agosto", disse Becker em relatório. A projeção do BofA é de que a Selic encerre o ano a 11,75%, 0,25 p.p. abaixo do consenso de mercado do Focus.

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