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Por que a bolsa brasileira está barata, mas não atraente?

Baixa visibilidade de lucros das empresas e interferência do governo explicam a situação

O consenso para os balanços de 2012 no país está em território negativo (Luiz Iria/EXAME.com)

O consenso para os balanços de 2012 no país está em território negativo (Luiz Iria/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2012 às 08h42.

São Paulo – O JPMorgan ressalta em um relatório enviado aos clientes em todo o mundo que os mercados na América Latina continuam baratos, mas não estão necessariamente atrantes porque as projeções para os resultados das empresas estão baixas ou em queda. Segundo os analistas, os países ricos possuem uma melhor visibilidade para os lucros do que as bolsas como a do Brasil, ressaltam.

Os analistas Emy Shayo Cherman, Nur Cristiani, Diego Celedon e Arjun A Bhatia mantiveram a recomendação de alocação abaixo da média para o Brasil e Chile, acima da média para o México e Colômbia e neutra para o Peru. O banco explica que existe um risco para os lucros no México e Colômbia, países com indicação de alocação superior, mas ainda assim os prefere em relação às estimativas de baixa nos resultados, como as no Brasil.

O consenso para os balanços de 2012 no país está em território negativo (-1%) e fez com que o múltiplo de 9,6 vezes de preço sobre lucro (P/L) do Ibovespa não pareça sedutor, mesmo sendo o mais barato da América Latina (excluindo a Argentina) e também dos mercados emergentes. “Não vemos busca por valor, mas por visibilidade de lucros. Ainda não é o momento de retrair o voo para ativos de qualidade”, ressaltam.

Além disso, o ativismo do governo tem sido responsável pela percepção ruim dos investidores, diz o banco. Enquanto alguns setores têm sido beneficiados com cortes em impostos e incentivos (indústria e automóveis), outros têm sofrido (bebidas e bancos). Ademais, a depreciação da moeda tem sido suavizada por intervenções do Banco Central e, apesar disso, a saída financeira vista em maio foi a maior desde 2008, chegando a 6,3 bilhões de dólares.

O que fazer?

Apesar de não sugerir a mudança na alocação entre os países, ainda assim os analistas alteraram as indicações na carteira de ações. A primeira novidade é a entrada das ações da TIM (TIMP3), que possui a recomendação acima da média. “A empresa oferece o maior crescimento entre as telefônicas brasileiras”, diz o banco. Para acomodar a TIM, os analistas removeram os papéis da Embraer (EMBR3), que pode sofrer com a desaceleração da demanda apesar do câmbio mais favorável.


Os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) foram retirados da carteira e os do Itaú (ITUB4) mantidos, sendo agora os únicos representantes do setor financeiro no portfólio. O banco estatal foi retirado por ser visto como uma “ferramenta política do governo” para reativar o crescimento do crédito. Em commodites, os analistas removeram a OGX (OGXP3) após notícias decepcionantes sobre a comercialidade de poços e mudanças nas projeções. A recomendação é trocar o ativo por ações da Natura, que possuem uma boa visibilidade de lucros.

Por fim, no setor de shopping centers, o JPMorgan recomenda a substituição da Sonae Sierra (SSBR3) pelo Iguatemi (IGTA3). Os papéis da Lojas Americanas (LAME3), CCR (CCRO3), Gerdau (GGBR4), Totvs (TOTS3), Petrobras (PETR4) e Vale (VALE5) continuam a ocupar a carteira do banco.

Sem baixar a guarda

As incertezas em relação aos desenvolvimentos futuros sobre a crise da zona do euro sugerem que ainda não é o momento de baixar a guarda e iniciar a busca por investimentos de maior risco, afirma o JPMorgan. O banco ressalta que a reação do mercado após o anúncio da recapitalização do sistema bancário espanhol e as eleições gregas sugere que ainda não há sustentação para as ações na América Latina.

“O apelo para os mercados mais defensivos contra os maios arriscados deve ser reduzido quando uma resposta política maior for adotada”, dizem. Contudo, a reação depende das medidas a serem tomadas. O banco espera que o Banco Central americano (Federal Reserve) estenda o chamado “Operation Twist”, anunciado em setembro do ano passado e que visa reduzir os juros de longo prazo da economia, em reunião realizada hoje.

Além disso, existe a expectativa para que o Banco Central Europeu (BCE) corte o juro básico da zona do euro em 25 pontos-base em julho e crie um programa de empréstimos de longo prazo (LTRO, na sigla em inglês) em setembro, assim como mais afrouxamentos monetários a partir do Banco Central do Japão (BoJ) e da Inglaterra (BoE) em julho. “Nos mercados emergentes, existe espaço para tanto os estímulos monetários quanto ficais, e destacamos aí o recente corte no juro na China. Mais pode vir daí”, ressaltam.

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