Nos últimos 30 dias, o site Reclame Aqui registrou 5.121 reclamações contra a Unick. (MarianVejcik/Thinkstock)
Tais Laporta
Publicado em 23 de setembro de 2019 às 14h40.
Última atualização em 23 de setembro de 2019 às 14h42.
A Polícia Federal tenta rastrear supostas remessas bilionárias de recursos feitas pelos donos da Unick Forex para paraísos fiscais na Europa e na América Central, informou hoje o jornal Diário de Canoas, no Rio Grande do Sul. A empresa tem sede na cidade gaúcha de São Leopoldo. A Unick, que mudou de nome para Unick Academy, parou de pagar os valores prometidos a seus investidores em julho, alegando problemas operacionais e, depois, um desvio de recursos.
Executivos da empresa vêm prometendo nas redes sociais que ela vai retomar os resgates desde o início de agosto, quando suspendeu seu site por 12 dias. Após esse período, anunciou que não pagaria mais rendimentos aos investidores e somente devolveria o valor aplicado em parcelas mensais. A empresa alega ter um milhão de clientes, no Brasil e no exterior, e continua oferecendo pacotes de investimento nas redes sociais.
Nos últimos 30 dias, o site Reclame Aqui registrou 5.121 reclamações contra a Unick, que se tornou a sétima empresa com mais reclamações no período. A empresa responde a processo sancionador da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que viu indícios de pirâmide financeira na oferta da Unick.
Segundo a reportagem do Diário de Canoas, uma das rotas do dinheiro seria Mônaco, na Europa, e teria sido usado na compra de um iate de luxo pela cúpula da Unick. Outros destinos seriam Luxemburgo, Panamá e Belize. O dinheiro teria sido enviado ao exterior por meio de empresas offshore, possivelmente no Uruguai, especializadas em remessas para paraísos fiscais.
O jornal não cita a fonte das informações e afirma que a PF não fala sobre a investigação, que teria começado há um ano e sete meses. Mas cita uma fonte ligada à investigação que afirma que o caso é mais complicado que o de outra empresa também envolvida em prejuízos para investidores, a InDeal, fechada em maio e que levou à prisão de dez pessoas. Segundo essa fonte, diferentemente da InDeal, os diretoras da Unick não colocaram praticamente nada em seus nomes, as transações são mais sofisticadas e em quantias “absurdamente maiores”.
A Unick Forex prometia ganhos diários de 1,5% a 3% ao dia para seus investidores, rendimento que viria da participação na venda de pacotes de educação financeira. Além disso, pagava porcentagem pela indicação de novos investidores, de 10% sobre o valor aplicado pelos novos clientes, e mais uma porcentagem sobre os que esses clientes atraíssem para o negócio. A empresa não tem patrimônio, seu contrato social era de uma empresa comercial, mas mesmo assim teria atraído um milhão de investidores, segundo vídeos divulgados por seus dirigentes na internet.
Essa notícia foi publicada originalmente no site Arena do Pavini.