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Petrobras pode avançar mais com mudança política

Segundo analistas, ações da estatal poderão subir mais se a presidente Dilma continuar caindo nas pesquisas eleitorais

Plataforma de petróleo da Petrobras na Baia da Guanabara, no Rio de Janeiro (Dado Galdieri/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2014 às 16h49.

São Paulo - As ações da Petrobras poderão subir mais se a presidente Dilma Rousseff continuar caindo nas pesquisas eleitorais, segundo gestores de fundos da Mirae Asset Global Investiments e da ING Groep NV.

Os papéis da estatal, que tiveram o melhor desempenho entre as ações de grandes petroleiras nos últimos seis meses, poderão subir mais 30 por cento se um dos dois principais candidatos for para o segundo turno nas eleições de outubro, de acordo com a Teórica Investimentos.

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A ação também pode se beneficiar se um dos candidatos de oposição ficar à frente nas pesquisas, segundo a ING e a Guide Investimentos.

Os investidores acreditam em uma recomposição dos preços dos combustíveis em um eventual novo governo, o que garantiria melhor rentabilidade à Petrobras, de acordo com a Mirae Asset.

A Petrobras, maior produtora do mundo em águas com mais de 300 metros de profundidade, acumulou um prejuízo operacional de US$ 44 bilhões na sua divisão de refino desde que começou a subsidiar o combustível importado em 2011, como parte da política de combate à inflação.

A companhia tem dito que precisa manter a paridade de seus preços com os praticados no mercado internacional para gerir os cerca de US$ 40 bilhões ao ano em investimentos planejados.

As ações da Petrobras subiram porque os preços mais baixos do petróleo estão pesando sobre as outras grandes produtoras.

“O rali que temos visto no papel é o mercado apostando no aumento da possibilidade de uma mudança na liderança política, o que traria uma maior chance de mudança em políticas importantes, como os preços dos combustíveis e a forma como a Petrobras é gerida”, disse Oliver Leyland, gestor de carteira da Mirae, que possui ações da empresa e que vem comprando mais, por telefone, de Nova York.

‘Medidas impopulares’

A Petrobras não quis comentar o impacto das pesquisas eleitorais sobre suas ações, segundo resposta enviada por e-mail às perguntas da Bloomberg.

As assessorias de imprensa de Dilma e dos candidatos de oposição Marina Silva e Aécio Neves não responderam aos pedidos por comentário feitos por e-mail.

“É muito mais fácil para um candidato de oposição adotar medidas impopulares e dizer ‘Oi, o último governo fiz isso’”, disse Felipe Rocha, analista da Guide Investimentos, por telefone, de Curitiba, Brasil. “Para um candidato reeleito é um poco mais complicado”.

Os preços locais do diesel e da gasolina no Brasil têm ficado 10 por cento a 20 por cento abaixo das taxas internacionais, dependendo das oscilações na taxa de câmbio, disse a Moody’s Investors Service em uma nota técnica, em 29 de julho.

A política de precificação tem causado um “impacto significativo” na lucratividade da Petrobras, disse a agência de classificação de dívidas.

Lucro não alcançado

Os lucros não atingiram as estimativas dos analistas em três dos últimos quatro trimestres porque a empresa continuou subsidiando combustível importado.

O governo controla a Petrobras por meio de uma maioria de ações com direito a voto. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, é o presidente do conselho da empresa.

A crescente demanda brasileira por gasolina e diesel está levando a produtora estatal a aumentar a produção das refinarias e a exportar menos petróleo.

As vendas de petróleo bruto no exterior caíram 14 por cento em relação ao ano anterior no segundo trimestre, enquanto o impulso ao refino não foi suficiente para evitar um incremento de 56 por cento nas importações de combustível.

A empresa planeja iniciar as operações em uma nova refinaria em novembro. Isso ajudará a reduzir o montante de combustível importado no segundo semestre deste ano, disse a Petrobras em uma apresentação, em 11 de agosto.

As exportações de petróleo bruto também deverão aumentar juntamente com um incremento da produção em plataformas offshore instaladas recentemente, disse a companhia.

Corrida eleitoral abalada

A entrada de Marina Silva na disputa no lugar de Eduardo Campos, que morreu no dia 13 de agosto em um acidente de avião, abalou a corrida eleitoral, com as pesquisas mostrando que ela está atraindo eleitores antes indecisos.

Suas promessas de reduzir a inflação, garantir autonomia ao Banco Central e controlar o aumento dos gastos, que levou a uma redução no rating da dívida do país, são um apelo principalmente aos apoiadores ricos do rival Aécio Neves, enquanto sua história pessoal, de ex-empregada doméstica, atrai os eleitores mais pobres, disse Rafael Cortez, analista político da empresa de pesquisas Tendências Consultoria Integrada.

Marina criticou a gestão econômica de Dilma em uma coletiva de imprensa, no dia 20 de agosto. Seu assessor econômico, Eduardo Giannetti, disse no dia anterior que as políticas para conter os preços do setor energético são “extremamente prejudiciais” no curto prazo.

Maior retorno

Marina venceria Dilma no segundo turno, com 47 por centos dos votos, contra 43 por cento da atual presidente, segundo uma pesquisa do Datafolha publicada em 18 de agosto.

Os 36 por cento de liderança de Dilma no primeiro turno da pesquisa, contra 21 por cento de Marina e 20 por cento de Aécio, não seriam suficientes para garantir a vitória.

Para vencer no primeiro turno, um candidato precisa de mais votos que os outros competidores combinados.

Os investidores que apostam que as ações da Petrobras subirão caso Dilma seja tirada do cargo nas eleições de outubro têm uma grande chance de perder dinheiro mesmo com sua derrota, disse Robbert van Batenburg, diretor de estratégia de marketing da corretora e operadora Newedge USA.

É melhor que eles esperem por evidências de que um desafiante eliminaria gradualmente os subsídios caros ao combustível de Dilma para melhorar a lucratividade da empresa petroleira de capital aberto mais endividada do mundo, disse Batenburg, em entrevista por telefone, de Nova York.

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