Após R$ 88 bi em dividendos, Petrobras (PETR4) tem espaço para mais no 3º tri?
Mesmo com surpresa positiva, mercado questiona se escolha de pagar superdividendo foi a melhor para a estatal
Carlo Cauti
Publicado em 29 de julho de 2022 às 13h44.
Última atualização em 29 de julho de 2022 às 15h51.
As ações da Petrobras (PETR3/PETR4) estão na mira dos investidores após o anúncio de quase R$ 88 bilhões em dividendos.
Os investidores que tiverem papéis da empresa até o dia 11 de agosto recebem o pagamento de R$ 6,732 por ação, seja preferencial ou ordinária.
E após a surpresa positiva, os acionistas já começam a se perguntar se a empresa deve voltar com uma distribuição forte de dividendos no terceiro trimestre.
Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a empresa tem uma geração de caixa robusta e saudável que deve permitir novos pagamentos.
“A Petrobras tem um saldo de caixa de US$ 19 bilhões, enquanto alguns players internacionais rodam a US$ 10 bilhões. É uma posição muito confortável. Existe uma gordura no caixa da companhia para que sejam feitas novas distribuições”, afirma.
A dimensão de novos pagamentos, no entanto, está condicionada a uma série de fatores. O principal deles é o preço do petróleo, que beneficiou a empresa no último trimestre.
A expectativa é que a oferta de petróleo continue pressionada, mantendo os preços acima de US$ 100 este ano e na casa dos US$ 80 para 2023.
“A distribuição não vai ser tão surpreendente quanto a do segundo trimestre, mas, se mantidas as condições que impulsionaram a empresa, vejo Petrobras distribuindo fortes dividendos no terceiro trimestre, tanto via geração de caixa como via recebimento de campos vendidos”, diz.
Petrobras (PETR3) está investindo pouco?
Entretanto, o mercado está se perguntando se a Petrobras poderia ter utilizado esses recursos para investimentos, aumentando sua capacidade produtiva ou de refino.
Nos últimos seis meses a estatal petrolífera gerou cerca de R$ 24,8 bilhões de caixa operacional líquido, investindo apenas R$ 4 bilhões.
"De fato, ela poderia ter investido mais, mas para os acionistas é mais interessante obter esse dividendo agora do que esperar mais tempo. Especialmente no caso de uma estatal como a Petrobras, que poderia sofrer mudanças repentinas na diretoria caso o governo brasileiro mude após a eleição de outubro", explicou Luan Alves, analista da VG Research.
Além disso, segundo o analista, a Petrobras já é praticamente monopolista no pré-sal, e não faria muito sentido investir ainda mais, especialmente em um momento onde está desinvestindo parte de seu patrimônio.
"Especialmente, não faria muito sentido investir em refino, pois a margem é muito menor do que na extração de petróleo", disse.
Todavia, se a distribuição de dividendos pode ser o interesse do pequeno e médio acionista, além do governo federal, a falta de investimento vai acabar impactando a capacidade de crescimento de médio e longo prazo da empresa.
"É por isso que a Petrobras não é mais a queridinha dos fundos, e muitas carteiras já não estão dando mais recomendação de compra das ações da empresa. Quem já tem uma posição, vale a pena manter para obter os dividendos até o final do ano. Mas seria mais interessante olhar para alocação de capital adicional em outros investimentos mais rentáveis no futuro", explica o analista.
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