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Petrobras perde quase R$ 32 bi e faz Ibovespa cair 1,98%

Ontem, após o fechamento do pregão, Petrobras era avaliada em R$ 390,52 bilhões; na semana, Ibovespa acumulou declínio de 4,6%;

BOLSA: índice Ibovespa acumula alta de 14% desde a vitória de Jair Bolsonaro, no fim de outubro  / REUTERS/Paulo Whitaker (Paulo Whitaker/Reuters)

BOLSA: índice Ibovespa acumula alta de 14% desde a vitória de Jair Bolsonaro, no fim de outubro / REUTERS/Paulo Whitaker (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 12 de abril de 2019 às 17h08.

Última atualização em 12 de abril de 2019 às 18h29.

O Ibovespa fechou em forte queda nesta sexta-feira, 12, pressionado pelo tombo das ações da Petrobras, que perdeu quase R$ 32 bilhões em valor de mercado. O movimento refletiu preocupações sobre a liberdade operacional da petrolífera de controle estatal após a companhia voltar atrás em decisão sobre aumento do preço do diesel.

Ontem, após o fechamento do pregão, a Petrobras era avaliada em R$ 390,52 bilhões de reais.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa recuou 1,98%, a 92.875,00 pontos, de acordo com dados preliminares. O volume financeiro somava R$ 18,6 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumulou declínio de 4,6% , também conforme dados antes do ajuste de fechamento.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, admitiu que determinou a suspensão do reajuste de 5,7% no preço do diesel (o litro passaria de R$ 2,1432 para R$ 2,2662), anunciado pela Petrobras.

O novo valor começaria a ser cobrado nesta sexta-feira, 12, mas vai ficar suspenso até que os técnicos da estatal justifiquem ao presidente a necessidade do aumento. Se fosse efetuada, a alta divulgada na quinta-feira seria a maior desde que os presidentes da República e o da petroleira, Roberto Castello Branco, assumiram os cargos.

"Os investidores foram pegos de surpresa com a 'canetada' do Bolsonaro. Todo o discurso de estatais sem interferência política se perde", destacou Pedro Menezes, membro do comitê de investimento de ações e sócio da Occam Brasil Gestão de Recursos, destacando que o mercado como um todo foi contaminado.

"O grande foco continua a ser na reforma da Previdência, mas essa situação não ajuda em nada o sentimento do mercado", disse.

Analistas do BTG Pactual divulgaram relatório com o título 'Déjà Vu', citando que é preciso saber se foi uma decisão temporária por motivação política, como evitar uma nova greve, ou mudança na forma como o governo percebe a liberdade operacional da empresa.

Destaques

 PETROBRAS ON desabou 8,54 por cento e PETROBRAS PN despencou 7,75 por cento, resultando em uma perda equivalente a 32,4 bilhões de reais no valor de mercado da companhia. A empresa cancelou alta de 5,7 por cento no valor do diesel a partir desta sexta-feira, mantendo a cotação em 2,1432 reais por litro, praticada desde 22 de março. A desvalorização foi a maior queda das ações da companhia desde 1º junho do ano passado, quando o então presidente-executivo da companhia, Pedro Parente, pediu demissão.

- ELETROBRAS PNB e ELETROBRAS ON perderam 4,97 e 5,24 por cento, respectivamente, contaminadas pelo sentimento mais negativo no mercado em razão de preocupações sobre a ingerência do governo nas estatais.

- BANCO DO BRASIL caiu 3,17 por cento, pior desempenho dos bancos do Ibovespa, também afetada pelos receios com eventuais intervenções do governo em companhias de controle da União. ITAÚ UNIBANCO PN recuou 1,05 por cento e BRADESCO PN cedeu 0,91 por cento. SANTANDER BRASIL UNIT resistiu e subiu 0,2 por cento.

- VALE encerrou em baixa de 0,6 por cento, também sucumbindo ao mau humor generalizado, apesar da alta dos preços do minério de ferro na China, em meio ao aumento da demanda das siderúrgicas chinesas. CSN, que também tem se beneficiado de expectativas favoráveis sobre o minério de ferro, subiu 3,53 por cento.

- JBS subiu 4,44 por cento, para 17,64 reais, nova cotação recorde, tendo de pano de fundo perspectivas positivas para a companhia de alimentos, principalmente quanto ao ciclo de carne bovina, além de potenciais efeitos da peste suína africana na China, entre outros fatores. No setor, BRF fechou em alta de 1,71 por cento.

Dólar

O dólar voltou a mostrar alta ante o real, encerrando no maior patamar em duas semanas, puxado pela demanda do mercado por "hedge" na esteira da decisão da Petrobras de não reajustar preços do diesel, o que trouxe de volta ao radar riscos de ingerência política na estatal.

No fechamento, o dólar negociado no mercado interbancário subiu 0,83%, a 3,8892 reais na venda. É o maior patamar desde 29 de março, quanto atingiu R$ 3,9154.

Na máxima da sessão, a moeda norte-americana chegou a superar R$ 3,90 reais, marcando 3,9073 reais. O real amargou o pior desempenho numa lista de 33 pares do dólar nesta sexta-feira.

Na B3, a referência do dólar futuro tinha alta de 0,70 por cento, a 3,8890 reais

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