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Petrobras paga mais por novo bônus em ambiente desafiador

Demanda mais fraca revela os desafios que a estatal enfrenta, à medida que tenta reverter sua reputação como uma das empresas mais endividadas do mundo


	Tanques de armazenagem de gás natural da Petrobras: companhia está pagando consideravelmente mais para ter acesso ao líquido mercado de dívida em dólares do que em 2013
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Tanques de armazenagem de gás natural da Petrobras: companhia está pagando consideravelmente mais para ter acesso ao líquido mercado de dívida em dólares do que em 2013 (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2014 às 18h14.

Nova York - A Petrobras foi certamente impressionante ao atrair 23 bilhões de dólares para sua emissão de bônus em seis tranches no total de 8,5 bilhões de dólares, mas uma demanda mais fraca do que em anos passados - para não mencionar maiores concessões - revelam os desafios que a estatal enfrenta, à medida que tenta reverter sua reputação como uma das empresas mais endividadas do mundo.

Ainda que a demanda tenha sido forte o suficiente para atender à meta inicial da empresa de captar 6 bilhões de dólares, de acordo com um banco, a companhia está pagando consideravelmente mais para ter acesso ao líquido mercado de dívida em dólares do que em 2013, quando emitiu 11 bilhões de dólares em bônus, um recorde por uma empresa de país emergente, quando a demanda chegou a 42,3 bilhões de dólares.

A Petrobras ofereceu prêmios na nova emissão na faixa entre 3 pontos e 10 pontos básicos, mas viu investidores menos entusiastas que pediram concessões finais de 20 pontos a 25 pontos básicos.

Se a Petrobras conseguir aumentar sua produção como espera no pré-sal e reduzir sua alavancagem em relação ao visto no fim de 2013, é provável que a empresa nunca mais pague prêmios tão altos para emitir bônus no exterior.

Mas o ceticismo é grande, especialmente porque a Petrobras vem enfrentando dificuldade para atingir suas metas de endividamento. Os dados do quarto trimestre mostraram que níveis de produção maiores e um melhor Ebitda ainda não foram suficientes para gerar fluxo de caixa positivo.

"A única saída para a Petrobras é entregar o que eles têm dito, que é ter fluxo de caixa positivo no começo do próximo ano", disse um profissional de banco ao IFR. "Com isso, o total da dívida pode ser reduzido, e eles pode começar a manejar a curva (dos bônus). É difícil de imaginar eles emitindo de 15 bilhões a 20 bilhões de dólares por ano."


Com o sentimento negativo já pesando sobre a dívida da Petrobras no mercado secundário, os prêmios maiores na emissão de bônus na segunda-feira acabou tornando a operação extremamente atrativa.

"Já era claramente esperado que eles pagassem acima da curva", disse um outro profissional de banco.

A emissão de 8,5 bilhões de dólares em bônus atraiu cerca de 1.500 contas. E demanda de dois dígitos mostrou que um número suficiente de investidores acredita numa reviravolta na história da Petrobras, para não mencionar o implícito suporte do governo para a empresa.

"Eles investiram tanto dinheiro que se não tiverem sucesso em encontrar petróleo suficiente, será um grande problema para a companhia e para o país", disse um operador.

"(Mas) o bônus com vencimento em 2024 está com rendimento acima de 6 por cento. Para uma companhia com o rating da Petrobras, isso é muito... Acredito que veremos mais um ano ou algo assim com a Petrobras emitindo nesse nível, e depois que eles aumentarem a produção, as coisas serão diferentes." Muitos analistas concordam. O Barclays notou que os spreads da Petrobras estão perto da máxima histórica quando comparados a títulos soberanos e a outras companhias com rating na faixa "BBB".

"(Os bônus) da Petrobras têm constantemente tido performance acima da média do mercado nos meses que se seguem à uma nova emissão em dólares, e esperamos que essa tendência continue", escreveram os analistas do Barclays.

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