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Parem de procurar uma data para solução da crise, alerta estrategista

“Talvez em dois ou três anos a gente não fale mais sobre isso, mas até lá será um assunto diário”, destaca Nicholas Colas

Calendario (Pawel Kryj)

Calendario (Pawel Kryj)

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Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2011 às 15h03.

São Paulo – É inútil a tarefa de procurar uma data que possa ser vista como a chave para a solução para a crise da dívida dos países da zona do euro, alerta o estrategista-chefe do ConvergEx Group. “Talvez em dois ou três anos a gente pare de falar sobre isso, mas até lá será um assunto diário”, explica Nicholas Colas em uma entrevista para EXAME.com.

Os investidores estavam confiantes de que uma reunião de cúpula da União Europeia no próximo domingo (23) resultasse em um anúncio que ajudasse na solução da crise. Uma ampliação da Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) de 440 bilhões de euros para 1 ou 2 trilhões de euros chegou a ser cogitada. 

Mas rumores de que o encontro poderia ser adiado já mina a confiança do mercado mais uma vez. Famoso por seu relatório diário bem humorado, Colas ressalta que a preocupação principal dos investidores é sobre quando o plano de resgate dos países e dos bancos será aplicado e não se ele é bom o suficiente. “Acho que ninguém está totalmente confiante com o que têm ouvido dos líderes da União Europeia”, diz.

EXAME.com - O mundo está em um tipo de “modo crise” desde 2008. Existe perspectiva de algum alívio para os mercados nos próximos anos?

Nicholas Colas - Deixe-me colocar desta forma. O ano de 2008 foi um período horrível para os mercados de capitais e com muita incerteza. Não acho que teremos o mesmo alto nível de incerteza, mas acho que teremos algo parecido ao que temos agora.

Você não vai acordar um dia e ficar preocupado com o seu dinheiro no banco. Isso não será um problema. Mas você vai acordar todos os dias e pensar se o seu portfólio de ações estará subindo ou caindo. E ele estará subindo ou caindo em montantes consideráveis.


Então devemos esperar incertezas para os mercados de ações nos próximos anos?

Sim, porque acho que levará muito tempo para esclarecer a situação da crise da dívida na Europa e também sobre quanto a economia americana irá crescer. A economia americana esta crescendo muito, muito, lentamente. Está crescendo mais do que muita gente pensava por conta dos problemas econômicos no mundo, mas ainda possui problemas muito graves como o mercado de trabalho.

A composição da UE, que traz a necessidade de aprovação de todos parlamentos dos países, atrapalha a rapidez das medidas?

Sim. Esse é um dos principais problemas, mas todos já sabíamos que a União Europeia foi construída dessa forma. Então isso não é novidade. O novo é o processo que está sendo posto em prática para tentar garantir a conformidade com os pacotes de austeridade e de gastos de tal forma que sejam controláveis e verificáveis para que os países fiquem confiantes de que se pode obter um plano possível.

Apesar de alguns países terem aprovado planos de austeridade, algumas agências estão rebaixando as notas de crédito. Isso piora a situação ou os mercados simplesmente não se importam com o que elas dizem?

Os mercados sempre antecipam ao que as agências de rating vão dizer. E é por isso que não tivemos um grande colapso na dívida americana quando a Standard and Poor’s rebaixou os EUA. Então os mercados entendem que as agências vão cortar as notas, entretanto, reduzir um rating significa que o euro não tem mais o nível elevado de crédito, o que traz mais risco para uma solução no médio e longo prazo.

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