Pare de olhar os juros nos EUA: é hora de comprar ações, diz EXAME Gavekal
Novo relatório apresenta 4 fatores para sustentar por que investidores deveriam ampliar a exposição à bolsa, apesar da alta dos rendimentos dos títulos americanos de 10 anos
Marcelo Sakate
Publicado em 15 de março de 2021 às 05h25.
O aumento dos rendimentos dos títulos de 10 anos dos Estados Unidos tomou conta do noticiário econômico-financeiro neste início de ano. A razão é que a rápida escalada dos juros de longo prazo se reflete sobre outras taxas, sinalizando um temor do mercado sobre pressões inflacionárias que podem levar o Federal Reserve a retirar estímulos que hoje sustentam a economia.
Ato contínuo, os índices de ações de Nova York passaram a cair antecipando uma possível retirada dos estímulos ou a alta dos juros. Mas investidores deveriam fazer o contrário e aumentar a exposição a ações. É o que defende Anatole Kaletsky, fundador e co-presidente do conselho da Gavekal Research, uma das mais prestigiosas casas independentes de análise do mundo.
A tese defendida por Kaletsky parece um contrasenso que vai na contramão do que investidores estão fazendo -- quando o rendimento dos Treasuries sobe, as bolsas caem. Mas o economista aponta quatro razões para sustentar o seu ponto de vista no mais novo relatório da EXAME Gavekal Research, a parceria exclusiva com a EXAME Invest Pro.
1. O bull market não tem ameaças
O período de bull market (valorização das bolsas) que começou um ano atrás ainda está nos seus estágios iniciais, sem que fatores que costumam sinalizar mudanças estejam no horizonte, como recessões, aperto da política monetária por bancos centrais e restrições em políticas fiscais.
2. Ações fora da Nasdaq estão baratas
Os valuations de ações que não estão na "bolha da Nasdaq" ainda são moderados em comparação com a média histórica e representam papeis muito baratos no contexto das baixas taxas de juros nominais e reais.
3. O aumento das expectativas de inflação tem um lado positivo
O fator que está atormentando investidores e analistas é a sinalização de alta da inflação e, consequentemente, das taxas de juros. Mas, como bem destacou Jerome Powell, presidente do Fed, no início do mês de março, os efeitos derivados de um crescimento da economia mais robusto e de inflação um pouco maior tendem a ser positivos para as ações. Isso porque empresas teriam um impulso da atividade aquecida e dos preços em suas receitas e seus lucros.
Kaletsky, que é também presidente do conselho do Institute for New Economic Thinking, um think tank econômico fundado depois da crise financeira global de 2008, faz no relatório uma análise do aumento dos rendimentos dos títulos de 10 anos, dos dados recentes de inflação nos Estados Unidos e do comportamento de investidores para fechar o raciocínio.
Além, é claro, de expor o quarto argumento para sustentar a sua posição. Saiba mais no relatório da EXAME Gavekal Research .