Para vender mais e melhorar rentabilidade, GPA relança programa de fidelidade do Pão de Açúcar
Novo formato segmenta os clientes conforme níveis de frequência e volume de compras
Repórter Exame IN
Publicado em 23 de maio de 2023 às 21h34.
Última atualização em 23 de maio de 2023 às 21h35.
De olho na cesta de quem compra mais, o GPA (PCAR3) traçou uma rota para aumentar a rentabilidade do Pão de Açúcar, sua principal bandeira. Além de ampliar a participação de perecíveis nas vendas e voltar com serviços dentro da loja - como profissionais para orientar o cliente na compra de vinhos, queijos e cafés -, a companhia resolveu reformular seu programa de fidelidade, o Pão de Açúcar Mais. Agora, serão três estágios de usuários: Cliente Mais, Cliente Mais Gold e Cliente Mais Black.
Com pouco mais de um ano como CEO do GPA, Marcelo Pimentel, diz que a ação atende à prioridade de recuperação da marca. “Esse cliente Gold e Black tem margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) proporcionalmente muito melhor. A cesta de compras do cliente Black é duas vezes mais lucrativa”, argumenta. No primeiro trimestre, a companhia reportou prejuízo líquido de R$ 269 milhões.
O novo formato segmenta os clientes conforme níveis de frequência e volume de compras. A ideia é de que o programa funcione com um “game”, com o cliente cumprindo missões para poder chegar ao nível Gold ou Black e, assim, ter acesso a benefícios exclusivos. Entre as vantagens estão descontos de até 20% em algumas ocasiões para categorias como açougue, hortifruti e bebidas alcoólicas, além de frete grátis para compras acima de R$ 99. O novo programa de fidelidade estará disponível no aplicativo Pão de Açúcar Mais a partir de 25 de maio de 2023.
Como vai funcionar?
Para se tornar Gold, o cliente precisa fazer oito compras em 12 semanas e alcançar cinco estrelas, em que cada uma corresponde a R$ 400 em compras. Para o Black, são precisas 10 estrelas. De acordo com pesquisas do grupo, o cliente que hoje tem o perfil da categoria Black gasta em média R$ 1600 por mês na rede de supermercados.
Atualmente com 11 milhões de clientes cadastrados em seu programa de fidelidade, o Pão de Açúcar quer aumentar a recorrência. A direção da companhia não revela exatamente quantos dos clientes da base hoje já correspondem ao perfil premium, que reúne os Cliente Mais Gold e os Cliente Mais Black. Mas, do total de 11 milhões, menos de 3 milhões são usuários frequentes.
Esse perfil de consumidor, porém, é relevante na estratégia da companhia. Segundo Pimentel, 40% da receita do Pão de Açúcar vem dos clientes que compram mais e com maior frequência. “Hoje o principal objetivo não é converter maior número de Clientes Mais em Cliente Mais Gold. É o Gold virar Black. Porque esse cliente poderia estar comprando mais aqui, mas está gastando uma parte fora”, observa.
Além do ganho de recorrência, a empresa vê na reformulação um caminho mais intenso para o cruzamento dos dados e hábitos de compra da base de clientes. O objetivo, diz Marcelo Rizzi, diretor executivo de digital e transformação do GPA, é fazer com que a compra seja cada vez mais personalizada. Por exemplo, um desconto na categoria de cervejas artesanais pode ser destinado exclusivamente a clientes que compram recorrentemente esses produtos. “Hoje 90% da compra é identificada. Vamos ter a oferta personalizada chegando no e-mail do cliente.”
Esse conhecimento de dados também vai ajudar a companhia a melhorar sua rentabilidade, fazendo parte do plano de retomada, segundo Pimentel. Isso porque esses dados têm ajudado nas negociações com a indústria, tanto em volumes como em ações especiais, como promoções ou lançamentos de novos produtos com estratégia específicas de loja, por exemplo. “Cada vez mais a gente vai falar mais de CPF do que de apontar o canhão para mar aberto”, argumenta Pimentel.