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Operadores sinalizam que BC pode subir Selic no ano que vem

Espera-se uma reversão do ciclo de afrouxamento monetário que promoveu cortes na taxa básica de juros

O Banco Central, presidido por Alexandre Tombini, elevou o ritmo do corte da taxa básica de juros em 7 de março, reduzindo a taxa em 75 pontos-base (Álvaro Motta/EXAME.com)

O Banco Central, presidido por Alexandre Tombini, elevou o ritmo do corte da taxa básica de juros em 7 de março, reduzindo a taxa em 75 pontos-base (Álvaro Motta/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de março de 2012 às 10h30.

São Paulo/Brasília - Crescem as chances de que o Banco Central promova uma reversão do atual ciclo de afrouxamento monetário no próximo ano para conter a inflação, depois de acelerar o ritmo de cortes da Selic nesta semana, como mostra a curva com contratos de juros futuros.

A diferença entre as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2013 e janeiro de 2018 disparou para 203 pontos-base ontem, comparada a 101 em dezembro. A diferença é maior do que os 37 pontos-base em títulos com o mesmo prazo na Colômbia.

O Banco Central, presidido por Alexandre Tombini, elevou o ritmo do corte da taxa básica de juros em 7 de março, reduzindo a taxa em 75 pontos-base, para 9,75 por cento ao ano, para estimular o crescimento da economia e reduzir a atratividade dos ativos de renda fixa locais. A inflação anual deve permanecer acima do centro da meta de 4,5 por cento no próximo ano, de acordo com as taxas do mercado de renda fixa.

“O risco de a inflação estourar o teto da meta em 2013 existe e aumentou. É por isso que estamos vendo a curva empinar ainda mais”, disse Marcelo Salomon, co-chefe de economia para América Latina no Barclays Plc, em entrevista por telefone de Nova York.

A diferença de taxas entre as Notas do Tesouro Nacional série B, indexadas à inflação, com vencimento em 2013 e os contratos de Depósito Interfinanceiro de prazo similar, que mede as expectativas dos investidores para o avanço anual dos preços ao consumidor, subiu 11 pontos-base ontem para 578 pontos-base, ou 5,78 pontos percentuais. A chamada taxa implícita de inflação do México estava em 320 pontos-base.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo nos 12 meses até fevereiro desacelerou para 5,84 por cento, ante 6,22 por cento, de acordo com a estimativa mediana de 35 analistas ouvidos pela Bloomberg. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulga o relatório às 9 da manhã. O IPCA está acima do centro da meta de inflação, que é de 4,5 por cento com tolerância de dois pontos para cima ou para baixo.

Corte maior

Na pesquisa Focus feita pelo Banco Central em 2 de março, economistas projetam alta de 5,24 por cento para o IPCA deste ano e de 5,2 por cento em 2013, com o juro básico subindo para 10,50 por cento no ano que vem.

Tombini, 48, fez esta semana um corte na Selic maior do que esperavam 59 dos 62 analistas ouvidos pela Bloomberg. Ele optou por uma redução mais forte do que os cortes de 50 pontos-base efetuados nas quatro reuniões anteriores. A decisão veio após relatório de 7 de março que mostrou a maior queda em três anos na produção industrial em janeiro.


Tatiana Pinheiro, economista do Banco Santander Brasil SA em São Paulo, diminuiu ontem sua projeção para a Selic neste ano de 9,5 por cento para 8,5 por cento. Tony Volpon, economista da Nomura Securities International Inc. em Nova York, também espera o juro básico em 8,5 por cento até o fim do ano. Volpon foi um dos dois economistas que previram o corte de 75 pontos-base desta semana.

‘Subir mais tarde’

“Eles querem que a taxa de um dígito venha para ficar, mesmo se tiverem que subir 100 pontos-base mais tarde”, disse Ronaldo Patah, que administra R$ 72 bilhões na Itaú Asset Management em São Paulo, em entrevista por telefone. “É por isso que eles visam baixar a taxa para 8,5 por cento, 8 por cento.”

Patah disse que “não está confortável” em comprar títulos do governo sem proteção contra inflação.

O Banco Central se negou a fazer comentários.

Vladimir Caramaschi, economista-chefe do Crédit Agricole no Brasil, disse que a lentidão na expansão doméstica e a retração na Europa vão ajudar o BC a trazer a inflação para a meta.

O Produto Interno Bruto, que soma US$ 2,3 trilhões, cresceu 2,7 por cento em 2011, o segundo pior desempenho desde 2003.

“Esse problema com a inflação fica suavizado pela situação de baixo crescimento”, disse Caramaschi em entrevista por telefone de São Paulo. “A discussão é mais sobre o momento do que uma divergência maior na previsão.”

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