São Paulo - A Biosev SA, usina de açúcar e álcool controlada pela Louis Dreyfus Holding BV, registra uma alta atípica para os papéis depois de levantar mais de R$ 709,4 milhões no mês passado na oferta inicial.

O valor das opções de venda que a Biosev deu aos investidores como garantia no IPO subiu mais de nove vezes, para R$ 2,04.

A opção, que dava aos detentores direito de devolver as ações em um prazo de 15 meses ao preço do IPO acrescido de juros, disparou enquanto as ações caem na bolsa. A Biosev acumula queda de 6,7 por cento, para R$ 14,00, dos R$ 15,00 da oferta inicial em 19 de abril.

O salto nas opções sinaliza preocupação dos investidores de que a ação continue em queda depois do recuo de 48 por cento na cotação do açúcar, que responde por 66 por cento da receita da Biosev, e umm baixa de 10 por cento no etanol.

A Biosev, mais endividada entre as usinas de açúcar do País negociadas em bolsa, retomou os planos do IPO um ano depois da primeira tentativa com o atrativo das opções de venda e após a controladora Louis Dreyfus adquirir 12 por cento da oferta.

“Foi uma estrutura muito atípica”, disse Luiz Carvalho, sócio da Tree Capital, que participou da oferta, em entrevista por telefone de Nova York. “Nunca vi isso. Gastamos bastante tempo para entender. Há um grande número de detentores das opções, então vai levar um tempo para a ação começar a ser negociada mais em linha com o mercado.”

Marco Modesti, diretor de relações com investidores da Biosev, disse que o desempenho deve ser avaliado levando-se em conta tanto a queda nas ações como o ganho das opções, já que 90 por cento dos investidores no IPO adquiriram opções em conjunto. Por esse critério, a Biosev ganhou 5,2 por cento em relação ao preço inicial.

“Não se deve avaliar o desempenho das ações sem considerar as put options”, disse Fabio Nazari, sócio do BTG responsável pela área de equity capital management, em entrevista por telefone de São Paulo. “O investidor que comprou o combo está ganhando.”

*Matéria corrigida em 24/05/2013 às 09h16