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Onda vendedora nos mercados piora cenário para ativos da China

O índice MSCI China chegou a recuar 1,3% em meio a crescentes preocupações com o crescimento econômico

China: índice Hang Seng China Enterprises está a ponto de apagar os ganhos (rawfile redux/Getty Images)
Bloomberg

Agência de notícias

Publicado em 16 de agosto de 2023 às 10h52.

Investidores aceleram as vendas de ativos chineses nesta quarta-feira, com um índice acionário de peso prestes a eliminar toda a valorização desde a reunião de lideranças políticas no mês passado e o yuan rumo à mínima de 16 anos.

O índice MSCI China chegou a recuar 1,3% em meio a crescentes preocupações com o crescimento econômico, sob o risco de voltar ao nível antes do rali impulsionado pelas promessas de medidas anunciadas na reunião de julho do Politburo, o órgão decisório do Partido Comunista. O índice Hang Seng China Enterprises está a ponto de apagar os ganhos, enquanto o indicador Hang Seng caiu 1,4% e se aproximou de um “bear market” técnico.

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A pressão sobre os mercados financeiros da China cresce diante de uma série de dados econômicos decepcionantes, novas preocupações sobre o setor imobiliário e uma crise no sistema bancário paralelo do país. Tudo isso cria um ambiente deflacionário que ameaça minar os lucros corporativos. Investidores pedem um afrouxamento mais contundente do governo de Pequim, já que as políticas incrementais até agora não conseguiram restaurar a confiança.

“As atuais condições de recessão da China, caracterizadas por pressões deflacionárias, têm implicações significativas tanto para a economia doméstica quanto para sua interação global”, disse Manish Bhargava, gestor de fundos da Straits Investment, em Singapura. “Os investidores podem ficar cautelosos em alocar fundos na China devido à preocupação com a crise econômica e retornos potenciais reduzidos.”

A reação do mercado a uma série de medidas de estímulo foi morna, o que destaca o nível de pessimismo dos investidores. A onda de vendas persistiu após informações nesta quarta-feira de que autoridades pediram nesta semana para que alguns fundos de investimento evitem serem vendedores líquidos de ações. Um corte surpreendente da taxa de juros pelo Banco Popular da China (PBOC) na terça-feira e uma possível redução de um imposto sobre negociações de ações também não conseguiram animar o mercado.

As movimentações de preço das ações hoje foram “outro dia clássico” para as bolsas da China, apesar das medidas de apoio, disse Willer Chen, analista sênior da Forsyth Barr Asia. “As pessoas estão perdendo a paciência. Com políticas apenas fragmentadas, estão cada vez mais preocupadas com a economia.”

Investidores estrangeiros novamente venderam ações chinesas por meio dos links com Hong Kong, ampliando o período de vendas líquidas para a oitava sessão.

No mercado de câmbio, o PBOC agiu novamente nesta quarta para animar a frágil confiança com uma taxa de referência mais forte do que a esperada para o yuan e a maior injeção de dinheiro de curto prazo no sistema financeiro desde fevereiro. As medidas vieram na esteira da desvalorização do yuan onshore, rumo à menor cotação em relação ao dólar desde 2007.

O banco central tem a tarefa de manter a moeda estável e, ao mesmo tempo, impulsionar a economia – duas ambições que muitas vezes podem entrar em conflito. Um yuan fraco tende a diminuir o apelo dos ativos da China para investidores estrangeiros, enquanto empresas locais podem relutar em converter moedas estrangeiras em yuan, devido ao amplo diferencial de rendimento com mercados como os EUA.

Cenário desafiador

O cenário de crescimento econômico da China se torna mais negativo, com a redução de previsões para 2023 por bancos de investimento do mundo todo. A equipe do JPMorgan Chase cortou sua projeção para 2023 para 4,8%. Ainda no início de maio, o banco previa uma expansão de 6,4%, uma das estimativas mais otimistas.

A confiança foi ainda mais abalada depois que os dados mais recentes mostraram nova queda dos preços dos imóveis em julho. A turbulência do setor imobiliário está no centro dos problemas econômicos da China, dada a sua importância para o crescimento e as implicações para o patrimônio das famílias e para o sistema financeiro.

“O sentimento negativo sobre a China tem reverberado nos mercados, e o corte de juros do PBOC novamente sugeriu que os pedidos de estímulo em massa podem ser equivocados”, disse Charu Chanana, estrategista de mercado da Saxo Capital Markets.

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