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Olhar chinês para rating rebaixa EUA e eleva mundo emergente

No ranking da agência de análise de crédito Dagong, a percepção de risco americana é maior que a chinesa; Brasil fica acima de grandes economias europeias

Fachada do Banco Central da China: economia do país é menos arriscada que a americana segundo avaliação da Dagong (.)

Fachada do Banco Central da China: economia do país é menos arriscada que a americana segundo avaliação da Dagong (.)

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Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2010 às 18h15.

São Paulo - Uma nova ordem econômica mundial, com redistribuição de poderes e novos marcos na relação entre oriente e ocidente, é o cenário pintado pela agência de classificação de risco chinesa Dagong Global Credit Rating, que surpreendeu os mercados em seu primeiro relatório sobre o risco da dívida soberana de diversos países.

No estudo que escrutinou 50 economias e foi divulgado nesta terça-feira (13), a agência alertou para o “graves problemas” sofridos pelas economias tradicionais e atribuiu classificação AA aos Estados Unidos, abaixo da classificação da dívida da China (AA+) e longe da nota máxima (AAA) que tem nas outras agências.

O ranking subverte também a posição de outras nações, com nove economias acima das suas posições nas tradicionais agências de risco Moody’s, Fitch e Standard & Poors, entre elas o Brasil (que recebeu classificação A- pela Dagong) e os outros países do Brics, as chamadas economias emergentes, como Rússia e Índia. Outras 18 figuram abaixo de seus ratings habituais, com as presenças surpreendentes de economias tradicionais como a do Japão, Reino Unido e Alemanha no time das rebaixadas. Bélgica, Espanha e Itália foram ranqueados em A-, ao lado da Malásia.

A agência disse que seu objetivo é "corrigir os defeitos" do sistema existente e oferecer um contra-peso para as agências ocidentais. O olhar chinês para os países é filtrado diretamente pela capacidade de criação de riquezas no atual contexto econômico adverso, diz o estudo, mais do que na presença de instituições tradicionais ou histórico de estabilidade.

Segundo a agência, a metodologia é baseada também em questões como a capacidade de gestão nacional, poder econômico, poder financeiro, poder fiscal e  força do câmbio. "É a recém-criada riqueza social que apóia a capacidade de financiamento nacional e constitui a fonte primária de pagamento da dívida", diz a Dagong em sua avaliação.

Ascensão do Leste

No caso americano, a herança direta da crise no enfraquecimento da posição fiscal é o principal fator de definição do rating menor que o AAA das outras agências. A mesma pressão fiscal é apontada nas economias da Alemanha, França e Canadá.

A China, por outro lado, é apontada como detentora de força fiscal sustentável e perspectivas econômicas otimistas, apesar da ressalva em relação a adaptação das estrutura econômica e dos riscos geopolíticos. Na S&P, a classificação da dívida chinesa é A+, ladeada por A1 na Moody’s, AA- na Fitch e A+ na S&P.

O risco geopolítico é o principal obstáculo também para Arábia Saudita e da Coréia do Sul, apontadas como cenários otimistas de crescimento futuro e com ratings promovidos. A China subiu a Arábia Saudita para AA, contra o Aa3 da Moody’s, e AA- da S&P e da Fitch.  A Coréia do Sul ganhou classificação AA-, equivalente aos rankings das outras agências.

"A razão para a crise financeira global e a crise da dívida na Europa é que o atual sistema de rating de crédito não revela corretamente a capacidade de pagamento do devedor", disse Guan Jianzhong, presidente do Dagong.

Leia o relatório da agência chinesa:

 

Relatório da Dagong (apenas para Chrome e Firefox)
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