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O que pensa a analista mais pessimista (realista?) da bolsa sobre 2012

Lika Takahashi avalia que o mundo mudou e os investidores precisam repensar a análise do que é caro ou barato

Ambiente para as bolsas tem sido caracterizado por múltiplos “mais do que justos”, diz Lika (Spencer Platt/Getty Images)

Ambiente para as bolsas tem sido caracterizado por múltiplos “mais do que justos”, diz Lika (Spencer Platt/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2011 às 05h00.

São Paulo – Não adianta mais olhar ao passado para avaliar se o atual nível da bolsa comparado com o lucro das empresas está alto ou baixo. Isso acontece porque os mercados financeiros estão em um novo ciclo, onde os investidores estão mais cautelosos e não querem mais operar alavancados. Essa é a visão da estrategista da Fator Corretora, Lika Takahashi, considerada uma das analistas mais pessimistas, ou realistas, do mercado.

“Investidores tendem a olhar para os múltiplos de avaliação e se sentirem confortáveis. Mas, cautela: estatísticas com base nos múltiplos históricos ou atuais não são boas referências para prever onde as ações podem chegar, pois o crescimento das margens e dos lucros é um fenômeno cíclico”, ressalta. E isso pode não se repetir em 2012. Ela explica que o super ciclo de alavancagem acabou este ano e, assim, o modelo anterior não serve mais.

Cautela

“Isso significa que no novo ciclo que começa, onde crescimento será escasso, não mais abundante, haverá contração de múltiplos”, diz Lika. Para ela, o mercado de títulos tem se provado como melhores indicadores para uma comparação com o passado. “As divergências entre os mercados de créditos/bonds e ações tem sido característica desta crise”, explica. Nas últimas semanas, não foram raros os dias com valorização das ações e forte alta nos juros dos países europeus, como Itália e Espanha.

Para baixo

Em um relatório anual no qual expõe as suas projeções para o Ibovespa no ano seguinte, desta vez em 60 mil pontos, Lika explica que o ambiente para as bolsas tem sido caracterizado por múltiplos “mais do que justos”. Ou seja, poucos estão dispostos agora a incorporar as estimativas no preço e a pagar várias vezes o lucro esperado para as empresas. “Este ambiente reforça a tese de que as bolsas podem cair novamente em 2012”, diz.

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