São Paulo - O mercado pegou pesado com as ações das
construtoras na bolsa brasileira. E um dos melhores indicadores para perceber o quão descontadas essas empresas estão no mercado é comparar o valor de mercado dessas companhia com valor de liquidação. Foi o que fez o Bank of America Merrill Lynch em um relatório publicado nesta semana.
O valor de liquidação no caso das construtoras, explicam os analistas, é o valor nominal do fluxo de caixa dos projetos em andamento. Isto é, a partir dele, pode-se calcular o fluxo de caixa descontado dos projetos, o componente mais importante do valor de uma construtora. O relatório, assinado pelos analistas Guilherme Vilazante, Carlos Peyrelongue e Daniel Gasparete, revela mercado “excessivamente pessimista”. Como referência, eles citam que o valor de mercado das nove empresas que são cobertas pelo banco atualmente é de apenas 60% do seu valor de liquidação, o que significa que o mercado não está nem precificando os ativos que as empresas já têm. Gafisa, Rossi e Brookfield, por exemplo, são negociadas a 0,35 vezes o preço/valor de liquidação, múltiplo usado na análise.
“Em nossa visão, o apetite de crescimento das construtoras em 2008 foi excessivo, ao apelar para uma rede de parceiros e joint ventures para cumprir as metas de crescimento ambiciosas”, explicam os analistas. Além disso, os níveis de terceirização foram exagerados e chegaram a mais de 50% do volume. O aquecimento da indústria levou a atrasos nas obras, uma maior alavancagem e margens reduzidas. O resultado desta equação incômoda foi a forte queda das ações e da reputação da indústria. A saída encontrada pelo setor para sair dessa situação foi por o pé no freio: os lançamentos caíram mais de 40% desde 2010 e o foco está na recuperação da rentabilidade e em acelerar a geração de caixa.