O pior já passou? Ibovespa caminha para fechar o melhor mês em 4 anos
Em meio a novos casos de coronavírus e instabilidade política, Bolsa deve ter melhor mês de 2020
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2020 às 06h12.
Última atualização em 30 de abril de 2020 às 06h30.
Com alta de mais de 14% até agora, o Ibovespa , principal indicador do mercado brasileiro, caminha para fechar o mês com o melhor resultado de 2020. Se o pregão desta quinta-feira, 30, seguir o ritmo positivo dos últimos dias, a Bolsa pode ter a maior alta mensal dos últimos quatros anos.
Entre os 66 papéis do Ibovespa, apenas a Azul e a Embraer acumulam queda no mês, de 2,45% e 7,55%, respectivamente. No caso da companhia aérea, as ações seguem pressionadas pelas restrições de viagens em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Já a Embraer foi impactada pelo fracasso no acordo para venda da divisão da área comercial da empresa brasileira para a norte-americana Boeing.
Entre as ações que se destacaram positivamente no mês de abril estão a Cogna (ex-Kroton) e YDUQS (antiga Estácio) com alta de 39,75% e 41,16%, respectivamente. O otimismo dos investidores com as educacionais é que com a boa infraestrutura digital que elas saiam ainda mais fortalecidas pós pandemia. A varejista B2W , por sua vez, subiu mais de 50% no mês, como mostra reportagem do EXAME In.
Fundos de investimentos
Se na Bolsa a performance mensal é positiva, na indústria de fundos a situação é contrária. Os investidores têm resgatado cotas de fundos desde a eclosão de casos do novo coronavírus no Brasil.
O movimento que começou em março – com captação líquida negativa de 31,2 bilhões de reais – se acentuou em abril. Até o dia 24, os resgates líquidos somaram 59,4 bilhões de reais, de acordo com dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), e potencialmente vão ultrapassar os 60 bilhões até o fim do mês.
De janeiro a 24 de abril, a captação líquida está negativa em 38,1 bilhões de reais. Os resgates se concentram principalmente na categoria de fundos de renda fixa, que vêm perdendo atratividade à medida que o Banco Central reduz a taxa básica de juros do país, hoje em 3,75% ao ano. Com os saques superando as captações, o patrimônio líquido dos fundos caiu 0,49% em abril para 5,17 trilhões de reais.
A expectativa é que a indústria de fundos permaneça com o ritmo parecido em maio. O mercado aguarda a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic no dia 6 de maio.
Se for anunciado novamente um corte, o fluxo de migração dos investidores da renda fixa para renda variável deve continuar. “Isso é o que de fato tem impulsionado as pessoas para a Bolsa”, afirma Ilan Arbetman, analista da corretora Ativa Investimentos. Em março, o número de pessoas físicas na Bolsa chegou em 2,24 milhões, batendo um novo recorde.
Mais aguardada do que a Selic está a ata da reunião do Copom, divulgado no dia seguinte da reunião. Segundo Arbetman, os comentários do Banco Central guiarão o mercado diante deste cenário ainda nebuloso.
Com a temporada de balanços ainda no início, algumas ações, principalmente das empresas blue chips, como bancos e Petrobras devem trazer um otimismo pontual. O analista destaca que os balanços referentes ao primeiro trimestre indicam os impactos iniciais em relação à crise do coronavírus. A dimensão real será conhecida pelo mercado apenas nos dados do segundo trimestre.