‘O mercado está barato’, diz nova carta da Verde, de Stuhlberger
Cenário local continua com ‘doses altíssimas de incerteza’, mas há espaço para manter posições e incrementar risco do portfólio, indica a gestora
Beatriz Quesada
Publicado em 9 de setembro de 2021 às 19h05.
Última atualização em 9 de setembro de 2021 às 23h14.
O cenário de instabilidade política e fiscal no Brasil derrubou o Ibovespa , principal índice da bolsa brasileira, em 11,8% desde sua máxima histórica, em junho deste ano. Com os preços dos ativos em baixa, o investidor fica na dúvida se é o momento de ir às compras ou ser mais cauteloso diante das incertezas.
Para a Verde Asset , do experiente e bem-sucedido gestor Luis Stuhlberger , o cenário ainda oferece oportunidades. “O mercado está mais barato, mas não estupidamente barato (se vai chegar nesse nível é talvez a pergunta mais relevante)”, diz a carta de agosto da gestora, divulgada nesta quinta-feira, 9 de setembro.
Segundo o time da Verde, há prêmio suficiente no mercado acionário e na parte intermediária da curva de juro real para manter as posições atuais, e incrementar aos poucos o risco do portfólio. Ainda assim, o cenário local continua com “doses altíssimas de incerteza”.
“O governo estimula as chamas de uma crise institucional, que leva à corrosão dos pilares do equilíbrio fiscal, num contexto macroeconômico de complexidade acima do normal: pior ano de chuvas nas séries históricas, geadas em partes do país e problemas globais com cadeias de suprimento”, destaca o documento.
O resultado é que o mercado aumentou o prêmio de risco exigido no rendimento dos ativos. As perspectivas para os lucros das empresas são positivas no curto prazo, mas isso não tem sido suficiente para sustentar a bolsa.
A explicação? “Temos uma alta muito forte das taxas de juros na curva, estimulada por inflação persistente e maior risco fiscal, com os constantes ataques ao teto dos gastos”, diz a carta.
A gestora aponta que o IMA-B 5+, índice de taxas de juro reais de longo prazo, cai aproximadamente 7% no ano, enquanto as NTN-Bs no meio da curva estão em torno de 4,50% – um nível considerado já bastante alto.
Porém o documento traz um contraponto. “Apesar dos desafios da alta da inflação e da pressão sobre o Banco Central, é difícil acreditar que esse nível de juro real será sustentável nos próximos anos. Ou a inflação vai ser mais alta ou o nominal vai ser mais baixo”.
O Fundo Verde é um dos mais longevos e rentáveis da indústria de fundos do país. Lançado em 1997, acumula rentabilidade de 18.903,72%, enquanto o CDI no período teve variação de 2.271,57%.
No mês de agosto, o Fundo Verde teve rentabilidade positiva de 0,33%, com desempenho de 1,62% no acumulado de 2021. O CDI no mesmo período rendeu 2,06%. A gestora destaca que teve ganhos nas posições tomadas em juros nos mercados desenvolvidos. As perdas no mês vieram das posições no Brasil, particularmente em ações, mas também no juro real e na moeda.