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O início ou o fim da euforia?

Letícia Toledo Afinal, até onde vai o caso de amor dos investidores com o impeachment? Desde o início do processo, há 180 dias, o Ibovespa subiu 37%. Nesta segunda-feira, enquanto a presidente afastada Dilma Rousseff fazia sua defesa no Senado, marcando que sua saída se avizinha, a bolsa subiu 1,55%. As altas reacenderam as discussões […]

BOVESPA: o Ibovespa voltou a subir nesta quarta-feira, fechando a 67.975 pontos, maior patamar desde 1º de março de 2011 / Germano Lüdes (Germano Lüdes/Exame)
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Letícia Toledo

Publicado em 29 de agosto de 2016 às 18h25.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h45.

Letícia Toledo

Afinal, até onde vai o caso de amor dos investidores com o impeachment? Desde o início do processo, há 180 dias, o Ibovespa subiu 37%. Nesta
segunda-feira, enquanto a presidente afastada Dilma Rousseff fazia sua defesa no Senado, marcando que sua saída se avizinha, a bolsa subiu 1,55%.

As altas reacenderam as discussões sobre a trajetória da bolsa brasileira neste 2016 tortuoso. A alta vai continuar se Temer de fato assumir o país em definitivo? Posto de outra forma: impeachment já está precificado? Ou há espaço para mais expansão no curto e no médio prazos?
Neste aspecto, há muitas dúvidas, e uma certeza. A certeza é que, no médio prazo, se Temer conseguir oferecer alguma previsibilidade, e tirar um punhado de reformas do papel, a alta é certa. “O final do impeachment deixa o investidor com uma maior previsibilidade sobre o que pode acontecer em 2017 e isso dá espaço para uma alta ainda maior”, afirma Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.

As dúvidas se concentram no desempenho no curto prazo e, principalmente, no que pode acontecer se as reformas não forem aprovadas.
Especialistas consultador por EXAME Hoje acreditam que a concretização do impeachment pode levar a uma leve alta na bolsa, aproximando o Ibovespa dos 60.000 pontos nos próximos dias, ante os 58.600 atuais. O ânimo maior deve vir do investidor estrangeiro – que tem sido responsável por mais da metade das negociações na bolsa ao longo dos últimos meses.

Para os mais otimistas, a entrada de capital estrangeiro após o julgamento da presidente Dilma Rousseff pode levar o dólar de 3,20 para até 2,90 reais ao longo desta semana. Para isso, avaliam, não seria necessário nenhum milagre: apenas que o capital que deixou o país nos últimos dias voltasse. Neste mês de agosto, até o dia 25, investidores estrangeiros tiraram 1,5 bilhão de dólares da bolsa. “Este dinheiro foi tirado não porque o investidor não acredita mais no Brasil. A perspectiva para 2017 continua a mesma. Foi um movimento de realização de lucro e este dinheiro pode voltar”, afirma Figueredo. Para isso, será preciso também testar as intervenções do Banco Central no câmbio, que tem ajudado a conter a queda da moeda até aqui.

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O risco americano

Aqui, quando falamos de curto prazo, é curto mesmo. Apesar da tendência de alta ao longo desta semana, a partir de sexta-feira 2, as coisas podem ficar mais complicadas. Neste dia, os Estados Unidos divulgam a taxa de desemprego do país – um dos indicadores mais importante para a decisão do banco central do país, o Federal Reserve, sobre uma possível alta de juros – que atrairia investimentos. A expectativa é de que o relatório traga uma criação de 180.000 postos de trabalho e a taxa de desemprego caia dos 4,9% para 4,8% da população – corroborando um cenário propício para a elevação de taxa de juros no país.

Na última sexta-feira 26 a possibilidade de uma elevação das taxas voltou ao radar dos investidores após a fala do vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, de que o banco central americano pode subir os juros até duas vezes neste ano. “Esta alta ainda não está precificada, porque depende de uma série de indicadores econômicos do país, e pode trazer um choque para a bolsa”, afirma Roberto Indech, analista da corretora Rico.

O “longo” prazo

Os 60.000 pontos do Ibovespa – projetados por analistas para esta semana – podem não se segurar a partir da semana que vem por um outro simples motivo: o famoso “sobe no boato, cai no fato”. O passado recente do país corrobora o ditado. Entre os meses de março e abril, com a expectativa de impeachment, o Ibovespa valorizou quase 26%. Em maio, quando o afastamento da presidente se concretizou, o Ibovespa caiu 10%. Desta vez, analistas estimam que o Ibovespa pode recuar até 8% ao longo da próxima semana.

A motivo é a expectativa de que o cenário político, que poderia estimular uma alta com a aprovação de medidas econômicas importantes, permaneça sem grandes novidades. O presidente Michel Temer estará na China, participando do encontro do G-20 e conversando com investidores. Enquanto isso, o foco por aqui deve se voltar para as eleições municipais.

Mais para a frente, porém, uma nova alta pode ocorrer. Para isso, poderá contar a manutenção dos juros americanos e, claro, a concretização de mudanças na política econômica. “O Ibovespa tem potencial para chegar aos 65.000 pontos no fim do ano, mas, para isso, é preciso que o governo mostre que não perdeu sua força política e que conseguirá fazer os ajustes necessários”, afirma Eduardo Moreira, sócio do banco Brasil Plural e colunista do EXAME Hoje.

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