O duro recado do Fed, decisões do BCE e BoE, Lei das Estatais no Senado e o que mais move o mercado
Bolsas internacionais seguem no vemelho à espera de decisões de bancos centrais da Europa; nos EUA, falas de Powell mantêm cautela
Guilherme Guilherme
Publicado em 15 de dezembro de 2022 às 07h47.
Última atualização em 15 de dezembro de 2022 às 08h10.
Bolsas internacionais operam em queda na manhã desta quinta-feira, 15, com investidores à espera de novas altas de juros na Europa. A expectativa é de que os principais bancos centrais europeus sigam os passos do Federal Reserve (Fed) , que elevou sua taxa em 0,50 ponto percentual na última tarde, levando o juro americano para o maior patamar desde 2007.
Embora o ajuste da véspera tenha sido mais brando que as quatro altas anteriores de 0,75 p.p., as reações do mercado após a decisão de ontem passou longe de uma euforia, com as bolsas fechando em terreno negativo em Wall Street.
A maior preocupação derivara das falas do presidente do Fed, Jerome Powell, consideradas duras pelos investidores, apesar das sinalizações de um ajuste ainda mais brando na próxima decisão, no ano que vem. Apesar dos recentes dados de inflação abaixo do consenso, Powell classificou que ainda precisa de mais evidências sobre o controle de preços no país.
"Enquanto o mercado pode ver a inflação como perto da morte, o Fed certamente não a vê. Para o Fed relaxar, ele vai querer evidências substanciais de que a inflação está desacelerando, não apenas um ou dois meses em que o núcleo da inflação veio menos do que o mercado esperava", avaliaram estrategistas do banco ING em relatório.
Somam-se as sinalizações de que os Estados Unidos manterão suas políticas monetárias restritivas por mais tempo as revisões das projeções do Fed para o núcleo de preços sobre gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês). O indicador é principal referência para o Fed avaliar a inflação do país. A revisão foi de 3,1% para 3,5% para 2023 e de 2,3 para 2,5% para 2024.
Decisões do BCE e BoE
É nesse cenário que o Banco Central Europeu (BCE) e o Bank of England (BoE) irão definir suas taxas de juros às 10h15 e 9h (de Brasília), respectivamente. Se confirmada as expectativas altas de 0,5 p.p., o juro do BoE saltará para 3,5%, enquanto a taxa de facilidade permanente de depósito, considerada a principal do BCE, subirá para 2%.
Embora a tendência seja o BCE e o BoE seguirem os passos do Fed na alta de juros desta quinta, o ambiente inflacionário segue muito desafiador em ambas as regiões. Enquanto a inflação ao consumidor americana já caiu para 7,1%, na Zona do Euro e no Reino Unido, os indicadores permanecem em dois dígitos, próximos de 10%.
Na Europa, os principais índices de ações seguem no vermelho, seguindo o tom negativo dos futuros americanos, que ensaiam mais um dia de perdas.
Desempenho dos indicadores às 7h50 (de Brasília):
- Dow Jones futuro (Nova York): - 0,76%
- S&P 500 futuro (Nova York): - 1,05%
- Nasdaq futuro (Nova York): - 1,40%
- FTSE 100 (Londres): -0,40%
- DAX (Frankfurt): - 1,20%
- CAC 40 (Paris): - 1,17%
- Hang Seng (Hong Kong)*: - 1,55%
- Shangai Composite (Xangai)*: -0,25%
Lei das Estatais no radar
No Brasil, o mercado segue em direção distinta, aos sabores da política interna. Na contramão de Nova York, o Ibovespa fechou o último pregão em alta, após o futuro minisitro da Fazenda Fernando Haddad afirmar à GloboNews que o momento não é de expasão fiscal. A fala, em linha com o consenso do mercado (e do próprio BC brasileiro) foi suficiente para animar investidores e fazer o índice vitrar para o terreno positivo já no fim do pregão.
A Petrobras, no entanto, não saiu ilesa às alterações da Lei das Estatais aprovadas pela Câmara. Em meio a temores de ingerências na companhia no próximo governo, as ações ordinárias da companhia tombaram 9,8% eas preferenciais, 7,93%.
A principal alteração do texto, que visa viabilizar a ida de Aloízio Mercadante para a presidência do BNDES, versa sobre o período de quarentena para dirigentes políticos assumirem cargos de alto escalão em estatais. O período, antes de 36 meses, caiu para 30 dias. A expectativa é de que a mudança seja votada nesta quinta no Senado.