Mercados

No radar: última chance de Guedes e o que mais move o mercado nesta sexta

Com a missão de reformular o Renda Brasil sem estourar o teto de gastos, equipe econômica terá dia decisivo

Paulo Guedes: ministro precisa aumentar contribuição do Renda Brasil sem estourar o teto de gastos (Ueslei Marcelino/Reuters)

Paulo Guedes: ministro precisa aumentar contribuição do Renda Brasil sem estourar o teto de gastos (Ueslei Marcelino/Reuters)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 28 de agosto de 2020 às 06h22.

Última atualização em 28 de agosto de 2020 às 11h03.

Enquanto os mercados globais entram em realização de lucros, após os principais índices americanos renovarem a máxima histórica na quinta-feira, 27, o mercado brasileiro sequer tem lucros para realizar. Em agosto, o mundo andou e Brasil ficou para trás, com o principal índice de ações da B3, o Ibovespa, caminhando para a primeira queda mensal desde o tempestuoso mês de março.

A principal razão para o atraso em relação aos índices internacionais tem nome: risco fiscal. Desde que o presidente Jair Bolsonaro percebeu que medidas sociais, como o auxílio emergencial, fazem a popularidade subir, a independência de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, diminui.

No mercado, correm piadas como “o Bolsonaro foi picado pelo mosquito da reeleição” ou “o presidente percebeu que o Paulo Guedes não vale 600 reais”, mas não é com graça que os investidores veem a recente fritura do ministro. Desde as eleições, Bolsonaro dizia que não sabia nada de economia e com a permanência de seu “Posto Ipiranga” cada vez mais incerta, o risco de o governo ficar sem ninguém que compreenda as curvas econômicas é cada vez maior.

Nesta sexta-feira, 28, equipe de Guedes terá seu dia decisivo. Isso porque hoje é o prazo final para a reapresentação de um novo projeto Renda Brasil. Pressionado a aumentar o auxílio emergência, o ministro precisa acatar os pedidos do chefe sem estourar o teto de gastos – missão vista pelo mercado como quase impossível.

“O Bolsonaro gostou do populismo, mas  omercado está preocupado de onde vai tirar o dinheiro”, comenta Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

Em mais um sinal de desentrosamento com Guedes, Bolsonaro aumentou os orçamento de obras e, segundo a Folha de S. Paulo, também pretende abrir concursos para a Polícia Federal, o que deve inflar ainda mais os gastos recorrentes do governo.

No último pregão, o Ibovespa chegou a reagir positivamente à meta de inflação média anunciada Federal Reserve, que deve facilitar a manutenção das taxas de juros americanas próximas de zero por mais tempo. Mas nem isso foi capaz de se sobrepor aos temores fiscais e o Ibovespa chegou a ficar abaixo dos 100.000 pontos pelo segundo dia consecutivo e pela quinta vez no mês. Porém, a marca, tida como resistência técnica e psicológica, foi salva pelas ações dos grandes bancos, que subiram e impediram que o índice tivesse perdas ainda maiores.

Sem grandes gatilhos no mercado internacional e com agenda econômica esvaziada, a questão fiscal e a apresentação do novo Renda Brasil devem ser o maior foco dos investidores nesta sexta.

Já com a temporada de balanços próxima do fim, após o pregão, as atenções devem se voltar para o resultado do segundo trimestre da resseguradora IRB Brasil, que pode vir com ajustes, tendo em vista as recentes auditorias internas sobre fraudes contábeis da antiga administração.

Na quinta-feira, o Ibovespa caiu 0,01% e encerrou em 100.632,64 pontos e o dólar comercial caiu 0,6%, cotado a 5,579 reais.

Acompanhe tudo sobre:AçõesCâmbioIbovespaMercado financeiro

Mais de Mercados

A bolsa da América do Sul que pode ser uma das mais beneficiadas pela IA

Ibovespa fecha em queda com incertezas fiscais no radar; dólar sobe para R$ 5,59

Ações da Volvo sobem 7% enquanto investidores aguardam BCE

Reunião de Lula sobre corte de gastos e decisão de juros na Europa: o que move o mercado

Mais na Exame