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Ações Magalu (MGLU3) vão na contramão do Ibovespa e acumulam altas: é hora de vender ou comprar?

A empresa vale R$ 17 bilhões na bolsa atualmente, um desconto de quase 90% em relação à cotação de novembro de 2020, quando chegou a um valor de mercado de R$ 165 bilhões

Magalu (MGLU3): especialistas avaliam se é hora de comprar ou vender o papel (Leandro Fonseca/Exame)
BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 23 de junho de 2022 às 15h56.

Última atualização em 23 de junho de 2022 às 18h32.

Os papéis do Magazine Luiza (MGLU3) estão no pequeno grupo de empresas do Ibovespa que conseguiram manter algum desempenho positivo, mesmo com a queda do índice na última semana. Nesta quinta-feira, 23, as ações da varejista registraram alta de 4%, enquanto a bolsa caiu em torno de 1,5%.

O saldo positivo é um ponto fora da curva, já que, nos últimos 12 meses, a cotação do MGLU3 acumula perdas de quase 90%. A empresa vale em torno de R$ 17 bilhões na bolsa atualmente —no auge, em novembro de 2020, o Magalu chegou a um valor de mercado de R$ 165 bilhões. A queda livre dos papéis machucou, inclusive, o patrimônio da família Trajano. A matriarca Luiza perdeu lugar na lista de bilionários do Brasil, em razão da desvalorização das ações.

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Mudando a página dessa fotografia, a recuperação da cotação nos últimos dias é um sinal de que, pelo menos para alguns investidores, os papéis do Magalu já ficaram baratos, o que abre uma oportunidade de compra. Desde segunda-feira, 20, as ações estão ligeiramente no azul —pode parecer pouco, mas frente ao recuo de 1,75% do Ibovespa na semana, trata-se de um avanço a ser reconhecido.

O mérito fica ainda maior, quando o contexto que os mercados financeiros enfrentam é inserido na conta. A alta da inflação e juros no Brasil e nos Estados Unidos já é uma pedra no sapato para os investidores de bolsa, e uma possível recessão da economia americana já faz parte do cenário-base de parte dos analistas.

O que esperar do MGLU3 ainda em 2022?

O futuro incerto e provavelmente desfavorável é a principal razão para a maioria das casas de equity research continuar não recomendando a compra das ações do Magalu, mesmo diante do baita desconto de 90%.

"Acreditamos que o cenário segue desafiador, principalmente, por três motivos: desaceleração do e-commerce, em especial de eletrônicos e eletrodomésticos; maior competição com players nacionais e internacionais; e dificuldade na manutenção de margens em função da maior competição e do menor apetite dos clientes", escreveu Fernando Ferrer, analista da Vitreo, logo após a divulgação do resultado do primeiro trimestre do Magalu.

Na época, Ferrer já observava que, mesmo com as ações em queda, o valuation da empresa seguia esticado, levando em conta as projeções de lucro futuras. Isso significa que, considerando o que o Magalu deve gerar de receita nos próximos 12 meses, o desconto nas ações pode não ser tão grande quanto parece.

Tal visão foi corroborada na semana passada por um relatório da corretora XP. No documento, a analista Danniela Eiger reforça a recomendação de venda para os papéis do Magazine Luiza e das concorrentes Via (VIIA3) e Americanas ( AMER3 ), apontando como principal obstáculo o contexto da economia brasileira.

"Apesar da forte queda do setor, não recomendamos compra dos papéis de e-commerce por esperarmos uma dinâmica macro bastante desafiadora pela frente, tanto do ponto de vista de inflação [ que deve se manter próxima a patamar de duplo dígito ao longo do ano ] como de taxa de juro [ com pelo menos mais uma alta esperada no Brasil e um ciclo ainda por vir nos EUA ]", pontuou Eiger.

Em um relatório publicado no mês passado, o banco BTG Pactual (do mesmo controlador da EXAME) ponderou que a volatilidade para o Magalu deve ficar concentrada no curto prazo. No médio e longo prazo, a tese de crescimento do e-commerce no Brasil ainda levou a equipe de análise do banco a recomendar a compra dos papéis do Magalu, com um preço-alvo de R$ 16 (um aumento de cerca de 200% em relação à cotação da época).

"O e-commerce continua sendo uma tese estrutural positiva para nós, mas com grande ruído de curto prazo, ao qual o MGLU está altamente exposto, enquanto a recuperação nas vendas de lojas físicas também deve ser fundamental para a valorização", explicou a equipe de research do BTG.

Apesar disso, a alta desta semana nas ações do parece mais especulativa do que, de fato, uma aposta nos resultados de longo prazo, dado que os investidores seguem bastante reativos aos riscos de inflação e juros no mercado. Isso pode mudar, se a empresa mostrar alguma melhora no balanço do segundo trimestre.

Em uma análise sobre o e-commerce divulgada há duas semanas, a equipe do banco Morgan Stanley observou que tanto o Magalu quanto a Via têm tentado estancar a sangria melhorando o operacional, uma vez que o crescimento das vendas parece comprometido pelo cenário macro.

"As duas empresas passaram, desde o início de 2022, a focar mais nas margens do que no crescimento, principalmente em suas lojas e operações de e-commerce", observou a equipe de análise do banco.

A visão do Morgan Stanley para MGLU3 é neutra, com um preço-alvo de R$ 3,22, uma alta de cerca de 20% em relação ao preço de hoje dos papéis.

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