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Multiner deixa de pagar debêntures que venceram, diz agente

A Multiner deixou de pagar debêntures de uma emissão de R$ 250 milhões que venceu em 1º de julho, de acordo com o agente fiduciário


	Bolsa de valores: não recebimento se refere à segunda emissão de debêntures não conversíveis em ações da companhia
 (Jin Lee/Bloomberg)

Bolsa de valores: não recebimento se refere à segunda emissão de debêntures não conversíveis em ações da companhia (Jin Lee/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 7 de julho de 2016 às 18h55.

São Paulo - A Multiner SA, controladora de usinas de geração de energia no norte e nordeste do país, deixou de pagar debêntures de uma emissão de 250 milhões de reais que venceu em 1º de julho, de acordo com o agente fiduciário.

O não recebimento se refere à segunda emissão de debêntures não conversíveis em ações da companhia, que foram distribuídas ao mercado em 1o de junho de 2010, segundo um relatório do agente fiduciário GDC Partners, de abril de 2016.

As dívidas totais da holding somavam 461 milhões de reais no fim do primeiro trimestre. A empresa possuia apenas 1,9 milhão em caixa em 31 de março, de acordo com informações prestadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). "Informamos que a emissora e os investidores estão negociando o alongamento da dívida, motivo pelo qual não houve o pagamento no dia primeiro de julho," disse o agente fiduciário à Reuters.

Procurada na terça-feira, a Multiner SA decidiu não se manifestar a respeito das debentures até a publicação da reportagem. Ricardo Pigatto, presidente interino da holding, disse apenas que a empresa, com sede no Rio de Janeiro, estava passando por uma reestruturação. Ele afirmou ainda que em 21 de julho uma reunião do Conselho da companhia deve eleger nova administração.

Após a publicação da reportagem, a companhia informou que o saldo atual da debêntures é de 18,3 milhões de reais, correspondendo a 18 debêntures que não foram resgatadas. A empresa afirmou ainda que os papéis restantes "são detidos pelos próprios acionistas da Multiner, dentre eles o controlador. Portanto, não há inadimplemento com o mercado externo".

Segundo a companhia, "a quase totalidade das debêntures (168) está na própria tesouraria da Multiner e não no mercado". A Multiner afirmou ainda que "nunca houve qualquer inadimplemento nos pagamentos das obrigações financeiras dessa emissão".

A Multiner foi criada em 2007 pelo ex-controlador do banco BVA, José Augusto Ferreira dos Santos.

O parque gerador em operação da empresa é composto por três usinas operacionais, sendo duas eólicas e uma termelétrica localizadas nas regiões nordeste e norte. As usinas tem juntas uma capacidade instalada de 236,8 MW, segundo a companhia.

A companhia atrasou a implementação de uma série de termelétricas que havia se comprometido a construir em leilões de energia promovidos pelo governo federal, o que levou à revogação das autorizações para esses empreendimentos e à aplicação de uma série de multas à companhia pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O controle acionário da empresa é exercido pelo Grupo Bolognesi (52 por cento), com sede em Porto Alegre. A outra participação do capital total pertence ao Multiner Fundo de Investimento em Participações, que detém 48 por cento. O FIP é constituído sob a forma de condomínio fechado e formado por oito fundações de previdência, entre elas Petros, Postalis, Funcef, Infraprev, Faceb, Refer, Fundiágua e Regius, de acordo com informações da companhia.

Não é a primeira vez que a Multiner SA enfrenta problemas. De acordo com o relatório final da CPI dos fundos de pensão, a empresa já havia passado por uma restruturação societária e financeira em 2012.

À época, seu controle passou a ser exercido pelo grupo Bolognesi, que fez um aporte no Multiner FIP e passou a controlar a holding.

O Multiner FIP foi constituído em 2008 e tinha um patrimônio inicial de 412 milhões de reais, com um prazo de duração de 7 anos, de acordo com a descrição no relatório.

O Multiner FIP aparece no relatório final da CPI como mais um exemplo de investimentos "de alto risco" dos fundos de pensão de empresas estatais, principalmente Funcef.

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