Moody's coloca rating do Brasil em revisão para rebaixamento
A Moody's colocou o rating do Brasil, atualmente em "Baa3", em revisão para rebaixamento, colocando o país perto de perder o selo de bom pagador
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2015 às 20h39.
São Paulo - A Moody's colocou nesta quarta-feira o rating do Brasil, atualmente em "Baa3", em revisão para rebaixamento, deixando o país mais perto de perder o selo de bom pagador pela segunda grande agência de classificação de riscos.
Uma revisão significa normalmente que uma ação sobre a nota pode acontecer em um período de 90 dias, segundo informações no site da Moody's.
Segundo a agência de risco, a revisão da nota brasileira de crédito é consequência da acelerada deterioração das condições macroeconômicas e das tendências fiscais do país. Em comunicado, a agência citou ainda o risco de paralisia política.
"A probabilidade de uma virada no desempenho econômico e fiscal do Brasil parece agora improvável em 2016", disse a Moody's.
No comunicado, a agência destacou ainda que as principais bases para o rating "Baa3" do país --expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2 por cento e superávit primário da mesma magnitude depois de 2016-- parecem estar em risco. A nota "Baa3" é a última dentro do grau de investimento. "Tivemos muitas surpresas negativas com relação ao crescimento (da economia)... Sem crescimento é difícil colocar a situação fiscal em um caminho saudável", disse à Reuters a analista sênior de rating soberano da Moody's, Samar Maziad.
Caso a Moody's corte o rating do Brasil, será a segunda entre as três grandes agências de classificação de riscos a retirar do país o selo de bom pagador, o que pode influenciar o fluxo de dólares no Brasil. Muitos investidores são impedidos de comprar títulos de emissores que não tenham o selo de bom pagador por duas das três principais agências.
A equipe de pesquisa macroeconômica do Brasil Plural, liderara pelo ex-diretor do Banco Central Mário Mesquita, disse em nota a clientes que o rebaixamento do país para grau especulativo por uma segunda agência já é esperado, mas ainda pode ser negativo para os ativos brasileiros quando acontecer.
Em setembro, a Standard & Poor's foi a primeira rebaixar o Brasil para grau especulativo, ao cortar a nota para "BB+", além de manter a perspectiva negativa. A Fitch cortou a nota de crédito do país em outubro, mas manteve o grau de investimento, porém com perspectiva negativa para a nota.
"O volume de dólares que poderia sair em função de um rebaixamento já não é mais tão expressivo quanto seria no passado", disse o estrategista da corretora Icap Juliano Ferreira. "A verdade é que boa parte do ajuste dos fundos estrangeiros já vem sendo feita nos mercados", acrescentou. Para a Moody's, o cenário político brasileiro também está mais complicado, com o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff aumentando as dúvidas sobre a cooperação entre o Congresso e o Executivo para aprovar medidas importantes de ajuste fiscal.
"Ele (processo de impeachment) deixa a dinâmica política complicada ainda mais complicada", disse Samar, da Moody's, acrescentando que a demora em resolver o impasse político afeta o crescimento econômico e o desempenho fiscal, principais bases para avaliação do rating do país.
Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, a ação da Moody's pode acabar tendo um resultado positivo para o governo.
"Se você pensa bem, isto pode ser uma notícia boa. Você tem de dois a três meses de fôlego. Até lá você já pode mudar a agenda. Temos que ver como evolui essa agenda", disse a fonte, na condição de anonimato. Para o economista do Barclays Bruno Rovai, o rebaixamento do rating é tido como certo e pode acontecer em menos de três meses, dependendo dos desdobramentos políticos.
"O estrago já foi feito, o downgrade já foi encomendado. Se ficar claro que o processo de impeachment vai ser longo, o que geraria uma paralisia política, o downgrade pode vir até mais cedo do que esses 90 dias", disse Rovai. Ele estima que um eventual corte do rating do Brasil pela Moody's provocaria saída de 1,6 bilhão de dólares do mercado local.
A última ação no rating do Brasil pela Moody's tinha acontecido em agosto, quando a agência rebaixou a nota de crédito para o último degrau dentro da faixa considerada como grau de investimento, com perspectiva estável.
A Moody's anunciou também nesta quarta-feira o corte da nota da Petrobras para 'Ba3', de 'Ba2', colocando o rating da estatal em revisão para um novo downgrade.
Texto atualizado às 21h39
São Paulo - A Moody's colocou nesta quarta-feira o rating do Brasil, atualmente em "Baa3", em revisão para rebaixamento, deixando o país mais perto de perder o selo de bom pagador pela segunda grande agência de classificação de riscos.
Uma revisão significa normalmente que uma ação sobre a nota pode acontecer em um período de 90 dias, segundo informações no site da Moody's.
Segundo a agência de risco, a revisão da nota brasileira de crédito é consequência da acelerada deterioração das condições macroeconômicas e das tendências fiscais do país. Em comunicado, a agência citou ainda o risco de paralisia política.
"A probabilidade de uma virada no desempenho econômico e fiscal do Brasil parece agora improvável em 2016", disse a Moody's.
No comunicado, a agência destacou ainda que as principais bases para o rating "Baa3" do país --expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 2 por cento e superávit primário da mesma magnitude depois de 2016-- parecem estar em risco. A nota "Baa3" é a última dentro do grau de investimento. "Tivemos muitas surpresas negativas com relação ao crescimento (da economia)... Sem crescimento é difícil colocar a situação fiscal em um caminho saudável", disse à Reuters a analista sênior de rating soberano da Moody's, Samar Maziad.
Caso a Moody's corte o rating do Brasil, será a segunda entre as três grandes agências de classificação de riscos a retirar do país o selo de bom pagador, o que pode influenciar o fluxo de dólares no Brasil. Muitos investidores são impedidos de comprar títulos de emissores que não tenham o selo de bom pagador por duas das três principais agências.
A equipe de pesquisa macroeconômica do Brasil Plural, liderara pelo ex-diretor do Banco Central Mário Mesquita, disse em nota a clientes que o rebaixamento do país para grau especulativo por uma segunda agência já é esperado, mas ainda pode ser negativo para os ativos brasileiros quando acontecer.
Em setembro, a Standard & Poor's foi a primeira rebaixar o Brasil para grau especulativo, ao cortar a nota para "BB+", além de manter a perspectiva negativa. A Fitch cortou a nota de crédito do país em outubro, mas manteve o grau de investimento, porém com perspectiva negativa para a nota.
"O volume de dólares que poderia sair em função de um rebaixamento já não é mais tão expressivo quanto seria no passado", disse o estrategista da corretora Icap Juliano Ferreira. "A verdade é que boa parte do ajuste dos fundos estrangeiros já vem sendo feita nos mercados", acrescentou. Para a Moody's, o cenário político brasileiro também está mais complicado, com o pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff aumentando as dúvidas sobre a cooperação entre o Congresso e o Executivo para aprovar medidas importantes de ajuste fiscal.
"Ele (processo de impeachment) deixa a dinâmica política complicada ainda mais complicada", disse Samar, da Moody's, acrescentando que a demora em resolver o impasse político afeta o crescimento econômico e o desempenho fiscal, principais bases para avaliação do rating do país.
Segundo uma fonte do Ministério da Fazenda, a ação da Moody's pode acabar tendo um resultado positivo para o governo.
"Se você pensa bem, isto pode ser uma notícia boa. Você tem de dois a três meses de fôlego. Até lá você já pode mudar a agenda. Temos que ver como evolui essa agenda", disse a fonte, na condição de anonimato. Para o economista do Barclays Bruno Rovai, o rebaixamento do rating é tido como certo e pode acontecer em menos de três meses, dependendo dos desdobramentos políticos.
"O estrago já foi feito, o downgrade já foi encomendado. Se ficar claro que o processo de impeachment vai ser longo, o que geraria uma paralisia política, o downgrade pode vir até mais cedo do que esses 90 dias", disse Rovai. Ele estima que um eventual corte do rating do Brasil pela Moody's provocaria saída de 1,6 bilhão de dólares do mercado local.
A última ação no rating do Brasil pela Moody's tinha acontecido em agosto, quando a agência rebaixou a nota de crédito para o último degrau dentro da faixa considerada como grau de investimento, com perspectiva estável.
A Moody's anunciou também nesta quarta-feira o corte da nota da Petrobras para 'Ba3', de 'Ba2', colocando o rating da estatal em revisão para um novo downgrade.
Texto atualizado às 21h39