Para Steven Randall, da TSI, o minério de ferro tem o potencial de ser a segunda ou terceira commodity mais negociada no mundo (.)
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2010 às 11h45.
São Paulo - O novo sistema de preços de minério de ferro deve levar a commodity a ocupar uma posição de destaque dentro do mercado financeiro mundial. Isso irá acontecer porque a mudança da definição anual dos contratos para trimestral vai incentivar o uso de instrumentos financeiros de proteção contra a variação dos preços pelas mineradoras, siderúrgicas, corretoras e empresas de frete.
Em abril de 2007, a bolsa de Cingapura (SGX) foi a primeira a oferecer um contrato de minério de ferro que possibilitasse a proteção contra as oscilações dos preços do mercado à vista. Depois, em junho de 2009, foi a vez da London Clearing House disponibilizar os serviços de compensação dos contratos no mercado de balcão (fora de bolsa). Ou seja, garante a operação entre o vendedor e o comprador, reduzindo os riscos.
"Desde os dois lançamentos, mais de 1 bilhão de dólares foram negociados nesses mercados. É um crescimento muito rápido. Outras commodities demoraram vários anos até começarem a funcionar. O início foi acelerado e o potencial é enorme. Esperamos um crescimento dramático nos próximos anos", analisa Steven Randall, diretor-geral da The Steel Index (TSI), responsável pela referência de preços para os negócios.
O banco Credit Suisse estima que o volume dos contratos passe de 30 milhões de toneladas/ano para até 300 milhões de toneladas em um horizonte de dois anos. De olho no crescimento do mercado, a ICE (IntercontinentalExchange) também lançou em dezembro do ano passado o seu contrato. Além disso, a norueguesa NOS Clearing já anunciou que entrará no mercado em 8 de abril.
A "nova" super commodity
"O minério de ferro tem o potencial de chegar a segunda ou terceira commodity mais negociada no mundo, projeta Randall. Buscar o mercado de capitais é sempre uma solução", afirma o analista da Brascan Corretora, Pedro Montenegro. Esse fenômeno visto hoje com o minério de ferro não é inédito dentro do mundo das commodities. Nos anos 1970 e 1980, por exemplo, foram os sistema de preços do petróleo e do alumínio que mudaram.
E agora é a vez do minério de ferro. Depois de 40 anos, a commodity desenvolveu o seu mercado à vista, pressionando a necessidade de contratos futuros que possibilitem o "travamento" de preços e o planejamento dos custos das siderúrgicas por até dois anos. Agora, não é mais o negócio anual entre uma grande mineradora e siderúrgica que irá criar o novo preço a ser seguido nas demais negociações.
Assim, em 2010, os preços que já estão em na faixa de 110-120 dólares por tonelada métrica, um aumento de quase 100%, podem subir ainda mais ao longo dos próximos trimestres, refletindo as negociações realizadas no mercado à vista. "Haverá a maior volatilidade do mercado à vista e ciclos de preços mais curtos. O comprador e o vendedor vão partir para mecanismo sofisticados de proteção", sugere Gilberto Cardoso analista do Banif.
Em Cingapura, o contrato com vencimento para dezembro de 2010 já é negociado a 142 dólares.