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Analistas ainda projetam Ibovespa em até 124 mil no fim de 2019. Por quê?

Desde o pico dos 106 mil pontos em julho, bolsa sofre com tensão externa, mas o mercado segue confiante no ciclo de alta

Ibovespa atingiu a máxima histórica de 106 mil pontos no dia 10 de julho. (Scyther5/Thinkstock)

Ibovespa atingiu a máxima histórica de 106 mil pontos no dia 10 de julho. (Scyther5/Thinkstock)

TL

Tais Laporta

Publicado em 6 de setembro de 2019 às 07h30.

Última atualização em 6 de setembro de 2019 às 07h30.

Apesar da fraqueza que domina a bolsa brasileira no último mês, analistas seguem confiantes no ciclo de alta – ainda que com riscos adicionados ao percurso. O mercado não descarta novos recordes do Ibovespa, após o auge histórico de 106 mil pontos do dia 10 de julho. 

Desde então, o principal índice da B3 engatou a marcha a ré. Até ensaiou uma recuperação no início de agosto, mas o contágio vindo do exterior trouxe forte volatilidade ao indicador, que chegou a escorregar para os 95 mil pontos em seu pior momento, no final do mês. Agora, a bolsa passeia ao redor 5 mil pontos abaixo do pico.

Fato é que (ainda) não aconteceu o que se esperava. A capa da edição 1190 da revista EXAME abordou a euforia do mercado, dando conta de que os 106 mil pontos seriam só o começo. Bancos e corretoras fizeram projeções bastante otimistas em julho. 

O Bradesco BBI estimou o Ibovespa a 122 mil pontos no final de 2019. Para a XP Investimentos, o indicador da bolsa ainda pode alcançar 140 mil pontos ao término de 2020. Houve até gestor que declarou não ser loucura ver a bolsa brasileira nos 200 mil até o final de 2022.

Otimismo em excesso? Até aqui, nenhum dos bancos e corretoras consultados revisaram suas projeções para o mercado acionário no final do ano. A XP, inclusive, reforçou no dia 30 de agosto a estimativa de um Ibovespa nos 115 mil pontos até o final do ano, colocando a bolsa como “melhor ativo” para investir, mesmo após a piora das tensões no cenário internacional.

A corretora Mirae Asset está entre os mais otimistas, projetando 124 mil pontos na conclusão do ano, e 150 mil ao fim de 2020. "Só metade da reforma da Previdência está precificada. A parte dos brasileiros já comprou a ideia da aprovação, mas os estrangeiros ainda não acreditam nisso e vão precificar quando ela for aprovada", afirma o diretor da corretora, Pablo Spyer.

Em seu último relatório, o estrategista-chefe da XP, Karel Luketic, reconheceu que o cenário passou a ser outro. O agravamento na tensão entre Estados Unidos e China, a crise na Argentina e as incertezas sobre o Brexit adicionam volatilidade para as bolsas globais, inclusive a brasileira.

Apesar disso, Luketic pontuou que tudo flui na direção certa no cenário doméstico. “O caminho está se provando tortuoso, mas continuamos construtivos para o Brasil". Na visão da XP, o cenário mais desafiador pode fazer o país não crescer tanto quanto se esperava. Cm o dólar alto e a inflação pressionada, os juros podem não cair no ritmo que se esperava inicialmente.

Por outro lado, o estrategista-chefe da corretora citou a agenda de reformas como promissora. Ele mencionou a reforma tributária e micro reformas, que incluem privatizações e marcos regulatórios, como “transformacionais” ao lado da Previdência, que agora caminha sem grandes dificuldades no Senado.

“Esperamos uma aceleração do crescimento e um cenário no qual os juros devem continuar baixos por mais tempo”, afirmou Luketic como justificativa para a previsão de 115 mil pontos. “O lucro das empresas deve acelerar e a percepção de risco deve diminuir à medida que a agenda de reformas avança”.

Neste contexto, a relação entre risco e retorno se mostra atrativa no Ibovespa, que negocia hoje a um múltiplo (relação entre preço da ação e lucro da empresa) de 11,4 vezes, abaixo da média histórica do indicador, que é de 12,3 vezes.

Veja as últimas projeções para o Ibovespa no final de 2019:

Bradesco BBI: 122 mil pontos

XP Investimentos: 115 mil pontos

Merrill Lynch: 120 mil pontos

BTG Patcual: 119 mil pontos

Mirae Asset: 124 mil pontos

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