Exame Logo

Mercado ignora BC e manda recado: não quer candidato populista

O dólar disparou depois da divulgação de pesquisa eleitoral que aponta Lula e Bolsonaro liderando a corrida presidencial

Jair Bolsonaro: investidores estão duvidosos em relação à sua governabilidade (Reprodução/Luis Macedo/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

Karla Mamona

Publicado em 14 de maio de 2018 às 17h41.

Última atualização em 14 de maio de 2018 às 18h38.

São Paulo — Após o dólar registrar a maior valorização dos últimos dois anos ante o real, o Banco Central mudou a sistemática para intervir no mercado de câmbio.

A partir de hoje, o BC passou a realizar uma oferta adicional de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólar no mercado futuro. Com essa mudança, o Banco Central realizou um leilão para a rolagem de 50,7 mil contratos que vencem em junho e outro leilão para a oferta de 5 mil novos swaps.

Veja também

A estratégia para conter a alta do dólar parece não ter funcionado. Hoje, a moeda fechou em alta de 0,76%, sendo negociado na casa dos 3,62 reais. Na máxima, o dólar bateu 3,63 reais.

A disparada do dólar foi impactada diretamente pela pesquisa eleitoral divulgada pela CNT/MDA nesta manhã.

Os dados apontaram que, sem a participação de Lula na disputa pela presidência, o deputado federal Jair Bolsonaro, do PSL, lidera as intenções de votos, com 18,3%, Marina Silva (Rede) aparece em seguida com 11,2% e Ciro Gomes (PDT) tem 9%. Já Geraldo Alckmin (PSDB), tem 5,3% da intenções de voto.

No cenário com Lula, o petista tem 32,4% das intenções de votos, seguido por Bolsonaro com 16,7%; e Marina Silva, 7,6%.

Para Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos, os dados desapontaram os investidores.

A expectativa era que os votos do possível candidato à presidência Joaquim Barbosa (PSB), fossem transferidos para os candidatos considerados pró-reforma, como Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB) e Rodrigo Maia (DEM). E não foi o que aconteceu.

Plácido destaca que os candidatos considerados reformistas, como Geraldo Alckmin, continuam estagnados em relação à pesquisa anterior. Em contrapartida, os candidatos considerados populistas, Bolsonaro e Lula, seguem na liderança.

“O Brasil tem uma dívida em elevação. Há necessidade de um presidente reformista e não de um populista”, diz Plácido.

Lula e Bolsonaro

Sobre o desempenho de Lula na pesquisa, Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, afirma que a preocupação do mercado não se refere diretamente à possibilidade de o candidato do PT concorrer ou ganhar as eleições, já que ele está inelegível devido à Lei da Ficha Limpa.

Os investidores seguem atentos à possibilidade de os votos de Lula serem transferidos para Ciro Gomes. “O que está sendo avaliada é a capacidade de ele aglutinar votos para o Ciro.”

Em relação a Bolsonaro, Silveira destaca que o deputado ainda é uma grande incógnita ao mercado, já que seu plano de governo ainda não é claro, assim como a sua governabilidade.

“No Brasil, o governo depende do Congresso. Se não tem a aprovação do Congresso, não tem governo. A grande questão é que ainda não se sabe como Bolsonaro irá se comportar frente ao Congresso.”

Expectativa para o dólar

Apesar de o cenário ainda ser muito incerto, o estrategista da XP Investimentos, Celso Plácido estima que o dólar pode continuar em alta no caso de um candidato populista ser eleito. Plácido apontou que a moeda pode ficar entre 3,80 reais e 4 reais.

No cenário de um presidente reformista ser eleito, a expectativa é que o dólar fique na casa dos 3,20 reais.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralDólarJair BolsonaroLuiz Inácio Lula da SilvaPesquisas eleitoraisSwap

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Mercados

Mais na Exame