Mercado depois do pré-sal: otimismo, mas nem tanto
Brasil não é tão atrativo quanto seus pares emergentes, diz HSBC
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 11h39.
São Paulo - Com o fim da capitalização da Petrobras (PETR3); (PETR4) afrouxando o nó no pescoço do mercado, as eleições na reta final e a economia interna de vento em popa, os dias que aguardam o mercado de renda variável parecem merecedores de otimismo. Mas, quando o parâmetro é o resto dos mercados emergentes, é bom colocar o pé no freio no caso do Brasil.
É o que dizem os analistas do HSBC em relatório desta quarta-feira (13) sobre as perspectivas na vida além do pré-sal: estamos bem, mas há melhores. A notícia boa é: a liquidez está de volta. Como um reflexo disso, a BM&FBovespa (BVMF3) alcançou ontem um novo recorde de número de negociações com ações no segmento Bovespa. Foram realizadas 800.223 operações.
Mas a má notícia é que há outros mais beneficiados pelo afrouxamento da política monetária nas principais economias. Os crescentes riscos políticos também ajudaram a rebaixar o Brasil de Overweight (alocação acima da média) para Neutro. "O Brasil será beneficiado pela forte economia local, maiores preços de commodities e pela recuperação que se esboça na Ásia. Mas outros mercados agora propiciam melhor exposição a esses temas", dizem os analistas Alexandre Gartner e Francisco Machado.
Novos eixos para o mercado
Agora que os investidores retornaram aos fundamentos, outras forças motoras devem entrar no foco dos mercados, aposta o banco. Os novos pilares são a inflação, o aumento do papel do governo na agenda microeconômica e a execução dos projetos de infra-estrutura.
"Esperamos que a agenda de infraestrutura se desenvolva de forma mais rápida no novo governo e que certas condições sejam alteradas para atrair maior interesse dos investidores e operadores privados. Acreditamos que o financiamento e os investimentos em infraestrutura centrados no governo não serão autossustentáveis", diz o relatório.
O novo cenário inclui também uma exposição maior à inflação, acompanhada de medidas conciliatórias do Banco Central. "Em nossa opinião, o saldo de riscos está se inclinando no sentido de mais inflação e, portanto, damos preferência a empresas com alta exposição da receita à indexação", dizem os analistas.
Quem ganha
O território desenhado tem, é claro, empresas beneficiadas. O HSBC listou sete companhias que devem colher com mais vigor os resultados na nova conjuntura ainda no quarto trimestre. A lista inclui Dasa (DASA3), Marisa (AMAR3), AmBev (AMBV3), SLC (SLCE3), OGX (OGXP3) e Vale (VALE3); (VALE5). As seis empresas tiveram desempenho melhor que o Ibovespa durante esse terceiro trimestre, com apenas a JBS (JBSS3) tendo desempenho inferior.
"O cenário cíclico global favorece ativos de risco em geral e commodities. No Brasil, também buscamos boas oportunidades para explorar as fortes tendências de consumo em curso, oportunidades em infraestrutura e 'salvaguardas contra inflação'", dizem os analistas.
Para aproveitar a recuperação da Ásia e a tendência positiva de commodities, o banco manteve Vale, OGX e SLC Agrícola na lista de ações. A São Marinho (SMTO3) entrou para aumentar a exposição à forte dinâmica do açúcar e do etanol em um período sazonal favorável para as duas commodities. Dasa e Hering aproveitam o boom do varejo. Já a CCR deve se beneficiar dos projetos de infraestrutura.
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