Menos de 15% das empresas que fizeram IPO em 2021 superam a performance do Ibovespa
Mais de um quarto das companhias listadas no período geraram perdas para quem investiu em sua oferta inicial
Repórter
Publicado em 21 de setembro de 2024 às 14h01.
A seca de ofertas públicas iniciais (IPOs) na B3 já dura três anos. As taxas de juros elevadas, a competição com produtos isentos de imposto de renda na renda fixa e os saques em fundos de ações e multimercados são justificativas para a escassez de novidades na bolsa. Mas as perdas geradas na última safra de IPOs também deixaram suas marcas no mercado, elevando a exigência dos investidores.
Dos 42 IPOs realizados em 2021, apenas 6 tiveram desempenho superior ao Ibovespa desde a listagem. Do total, somente as ações de 8 empresas acumulam alta no período.
A Agrogalaxy, que entrou com pedido de recuperação judicial nesta semana, é um dos destaques negativos da safra de IPOs de 2021. Cotados a R$ 0,57, os papéis da Agrogalaxy acumulam queda de 96% desde o IPO. Kora Saúde, Espaçolaser, Infracommerce e Westwing também perderam mais de 90% de valor desde que entraram na bolsa, na última leva de IPOs.
Mais da metade das empresas que fizeram IPO em 2021 caíram mais de 50% na bolsa. As perdas ocorreram mesmo com um cenário relativamente positivo para o Ibovespa, que subiu pouco mais de 10% desde então.
Um dos principais riscos apontados por investidores ao entrar em um IPO é a falta de conhecimento sobre a empresa, dado que há menos informações disponíveis de uma empresa de capital fechado. Companhias listadas há mais tempo, por outro lado, já estão mais acostumadas a lidar com o mercado, além de haver um histórico do desempenho das ações em diferentes cenários.
Outro fator é que os IPOs costumam ocorrer quando a bolsa está com múltiplos mais altos, o que permite vender mais caro a participação na empresa.
Altas na bolsa
Ainda assim, há oportunidades. Um exemplo é o IPO da companhia de gerenciamento de resíduos Orizon, que já subiu mais de 110% desde sua listagem, em 2021. A empresa, que atua desde aterros até a venda de crédito de carbono, foi a que mais se valorizou da última safra de listagens. Suas ações encerraram o último pregão cotadas a R$ 46,10, mas, na opinião do Itaú BBA, há espaço para subirem até R$ 55,62.
GPS, Caixa Seguridade, Intelbras, Boa Safra e PetroRecôncavo foram as outras companhias listadas em 2021 que tiveram desempenho superior ao Ibovespa. Eletromidia, Vamos e 3Tentos estão no positivo, mas com desempenho abaixo do índice.