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Juro de prazo curto recua por cesta básica desonerada

Também ajudou os juros a caírem o fato de as taxas dos DIs terem avançado consistentemente na semana passada


	Bovespa: a taxa dos juros para julho encerrou as negociações a 7,23%, ante 7,31% no ajuste
 (Divulgação/Facebook/BM&FBovespa)

Bovespa: a taxa dos juros para julho encerrou as negociações a 7,23%, ante 7,31% no ajuste (Divulgação/Facebook/BM&FBovespa)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2013 às 17h55.

São Paulo - A desoneração dos produtos da cesta básica, anunciada na noite de sexta-feira (08) pela presidente Dilma Rousseff, fez as taxas dos contratos futuros de juros de prazos mais curtos recuarem desde o início da sessão desta segunda-feira.

A ação do governo, vista como um paliativo para a inflação, somou-se ao fato de que, na semana passada, as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) haviam avançado de forma consistente.

Com o movimento deste pregão, os investidores seguem projetando uma alta de pelo menos 0,25 ponto porcentual da Selic na reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom), sendo que diminuíram as apostas em elevação de 0,50 ponto porcentual.

No fim da sessão regular, a taxa do contrato futuro de juros para julho de 2013 (139.895 contratos) estava em 7,23%, ante 7,31% do ajuste de sexta-feira. O vencimento para janeiro de 2014 (326.045 contratos) marcava 7,85%, ante 7,96% do ajuste anterior, enquanto o DI para janeiro de 2015 (221.275 contratos) tinha taxa de 8,56%, ante 8,66% de sexta-feira. O contrato para janeiro de 2017 (102.925 contratos) marcava 9,24%, ante 9,26%.

Dilma anunciou a isenção de impostos federais sobre os produtos da cesta básica. O governo abrirá mão de R$ 5,5 bilhões em receitas neste ano. "Basicamente, os juros curtos caíram hoje em razão da redução, pelo governo, dos tributos da cesta básica", resumiu Flávio Serrano, economista-sênior do Besi Brasil. Em contrapartida, as taxas dos contratos mais longos avançaram.

"Na medida em que o governo controla de novo a inflação com medidas microeconômicas, aumenta o risco de, no futuro, as taxas subirem", acrescentou Serrano. Assim, a taxa do contrato para janeiro de 2021 (12.485 contratos) marcava 9,68% no fim da sessão regular, acima dos 9,65% do ajuste de sexta-feira.


O movimento do dia também reduziu as apostas de que, em abril, o Copom eleve a Selic em 0,50 ponto porcentual. Embora ainda seja possível, o mercado passou a se posicionar mais próximo de 0,25 ponto porcentual de aumento no mês que vem - o que traduz a percepção de que, se houver elevação, o Banco Central pode ser mais conservador.

Investidores e analistas também seguiam discutindo o impacto da desoneração da cesta básica. Nos cálculos da equipe econômica, a medida vai reduzir em até 0,6 ponto porcentual o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. Economistas ouvidos pelo Broadcast citam impacto menor, de 0,4 ponto porcentual.

Outra dúvida está ligada ao impacto temporal da medida. Alguns profissionais dizem que a desoneração será suficiente para evitar que, neste mês, o IPCA acumulado em 12 meses supere o teto de 6,5% da meta do governo. Outros analistas são mais céticos, pois a medida surge no meio do mês e não há garantias de que todo o varejo repassará o benefício tributário para os produtos nas gôndolas. No fim de semana, o Grupo Pão de Açúcar informou que começaria a vender itens com preços reduzidos nesta segunda-feira.

Nesta manhã, o Banco Central divulgou o Boletim Focus com as previsões do mercado. O documento, no entanto, ainda não traz a desoneração sobre as perspectivas de inflação. Conforme o relatório, as previsões para o IPCA de março e deste ano foram revisadas para cima. Os economistas veem o IPCA de 2013 em 5,82%, de 5,70% na semana anterior. A expectativa para o IPCA deste mês passou de 0,43% para 0,45%.

A previsão para a Selic, que não era alterada há 16 semanas, subiu de 7,25% para 8,00% ao ano no fim de 2013, de acordo com a Focus. Para abril, seguiu em 7,25% ao ano, indicando estabilidade no encontro dos dias 16 e 17 do mês que vêm do Copom. No caso do Produto Interno Bruto (PIB), as previsões de crescimento passaram de 3,09% para 3,10% neste ano e de 3,65% para 3,50% no ano que vem.

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