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Investidores esperam mais clareza de Bolsonaro

Analistas e gestores continuam otimistas com o próximo governo, mas cobram propostas concretas

Especialistas esperam um ânimo dos investidores, mas cobram mais detalhes dos planos econômicos (Scyther5/Thinkstock)
GN

Giuliana Napolitano

Publicado em 28 de outubro de 2018 às 20h26.

Última atualização em 28 de outubro de 2018 às 22h17.

São Paulo — Após a vitória de Jair Bolsonaro, dois movimentos devem tomar conta do mercado financeiro nos próximos dias. Analistas ouvidos por EXAME na noite de hoje acreditam que haverá um fluxo maior de investidores estrangeiros comprando ações brasileiras, mas que o desempenho da bolsa dependerá dos anúncios de Jair Bolsonaro e equipe na área econômica.

“A vitória de Bolsonaro está praticamente no preço dos ativos. Como o debate econômico foi muito pequeno até agora, é fundamental saber como Bolsonaro vai lidar com o déficit fiscal. Será que vai dar liberdade para um ministro liberal atuar?’, diz José Alberto Tovar, sócio da gestora Truxt.

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No discurso que Bolsonaro fez depois de vencer a eleição, ele afirmou estar comprometido com o equilíbrio das contas públicas. Disse que o déficit fiscal precisa ser “eliminado o mais rápido possível e convertido em superávit”. Mas faltam detalhes de como isso será feito. “A reforma da previdência é essencial para o ajuste fiscal. Precisamos ver o quão decidido ele está em relação a esse tema”, diz Tovar.

Para Wagner Salaverry, sócio da gestora Quantitas, é importante que Paulo Guedes, provável ministro da Fazenda do novo governo, fale o que pretende fazer e que Bolsonaro endosse o discurso, o que não aconteceu ainda. Outras questões relevantes, na opinião desses gestores, são a definição da equipe do próximo presidente e os sinais de como será sua relação com o Congresso.

O otimismo continua

De forma geral, no entanto, analistas e gestores continuam otimistas com o governo Bolsonaro. O banco Morgan Stanley divulgou um relatório recomendando um investimento maior em ações brasileiras. Para os analistas do banco, o próximo presidente deve se mostrar comprometido com o ajuste fiscal. Além disso, o Ibovespa negocia com um pequeno desconto em relação à média histórica, segundo a instituição.

Para a XP Investimentos, “o mercado deve dar o benefício da dúvida para Bolsonaro, antevendo um governo reformista e liberal”, o que poderia levar o Ibovespa para a faixa entre 90 000 e 100 000 pontos até o fim do ano. Na sexta-feira, o índice fechou em torno de 85 000 pontos. Caso as reformas se materializem, o Ibovespa poderia chegar a 125 000 pontos em 2019, segundo a XP.

A expectativa dos estrangeiros

Na opinião de Salaverry, muitos investidores estrangeiros, mais cautelosos, estavam esperando o resultado da eleição para decidir o que fazer, e devem passar a comprar ações agora, esperando um governo comprometido com o ajuste fiscal. “No Brasil, aviões caem, facadas acontecem. Muitos estrangeiros só entram com o cenário mais definido, e isso pode fazer a bolsa subir”, diz ele.

Nas últimas semanas, os estrangeiros venderam ações no Brasil, em parte também em razão da piora do cenário externo. No acumulado de outubro até o dia 24, esses investidores sacaram quase 4 bilhões de reais da bolsa brasileira.

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