Inflação no Brasil e EUA, tensão sino-americana, alta do petróleo e o que mais move o mercado
Mercado mantém cautela antes da divulgação de dado-chave para a política monetária do Federal Reserve
Repórter
Publicado em 24 de fevereiro de 2023 às 07h45.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2023 às 07h52.
Índices futuros de Nova York voltam a operar em queda na manhã desta sexta-feira, 24, após terem quebrado a sequência de perdas no último pregão. A revisão do PIB americano para baixo contribuiu para a recuperação das bolsas americanas, aliviando os temores de que a força da atividade econômica siga alimentando a inflação nos Estados Unidos.
PCE nos EUA
Nesta sexta, o humor do mercado internacional dependerá dos Preços sobre Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) de janeiro. O indicador é o principal termômetro do Federal Reserve (Fed) para avaliar a temperatura da inflação no país.
A expectativa do mercado é de que o núcleo do PCE de janeiro fique em 0,4%, caindo de 4,4% para 4,3% no acumulado de 12 meses. Um número acima do esperado pode aumentar ainda mais as preocupações de um Fed mais duro na condução das taxas de juros no país. A possibilidade de o BC americano continuar subindo suas taxas até 5,5%, pelo menos, já é vista por investidores como a mais provável.
esempenho dos indicadores às 7h50 (de Brasília):
- Dow Jones futuro (Nova York): - 0,31%
- S&P 500 futuro (Nova York): - 0,42%
- Nasdaq futuro (Nova York): - 0,77%
- FTSE 100 (Londres): + 0,30%
- DAX (Frankfurt): - 0,24
- CAC 40 (Paris): - 0,07%
- Hang Seng (Hong Kong)*: - 1,68%
Tensão China-EUA
Além do cenário de inflação, seguem no radar as tensões entre China e Estados Unidos. De acordo com fontes da Reuters, o governo americano teria planos de aumentar suas tropas para treinamento das forças de Taiwan, inimigo histórico de Pequim.
Ainda segundo a reportagem, o movimento não teria relação com os balões chineses que foram encontrados sobrevoando áreas militares dos Estados Unidos. Para o mercado, os sinais de piora na relação sino-americana pode representar um revés na expectativa de uma maior contribuição comercial entre os dois países. Na Ásia, a bolsa de Hong Kong caiu 1,68%.
Rússia pressiona preço do petróleo
Por trás das tensões geopolíticas ainda estaria o apoio de autoridades chinesas à Rússia, que sofre sanções do Ocidente devido à guerra na Ucrânia. A Rússia, por sinal, tem buscado manter mais altos os preços do petróleo por meio de corte de oferta.
Segundo a agência de notícias, o país planeja, em março, reduzir em 25% as exportações da commodity ao Ocidente. O país também informou que no próximo mês irá reduzir sua produção de petróleo em 500.000 barris por dia. No mercado de futuros, o petróleo brent sobe pelo segundo dia seguido, sendo negociado acima de US$ 83 nesta manhã.
A valorização do petróleo no último pregão contribuiu para o desempenho do Ibovespa, que fechou em alta, puxado pela Petrobras. As ações da estatal saltaram 3,07%.
IPCA-15
Além do cenário internacional, investidores brasileiros deverão repercutir nesta sexta os números do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) da primeira quinzena de fevereiro. O consenso para o IPCA-15 é de alta de 0,72%, com queda de 5,87% para 5,60% no acumulado de 12 meses.
Apesar da recente desinflação, economistas projetam uma inflação mais forte para o fim do ano. No boletim Focus desta semana, o IPCA deste ano foi reajustado de 5,79% para 5,89%. Economistas também revisaram para cima as projeções de inflação para os próximos anos. As perspectivas inflação mais altas têm como pano de fundo preocupações fiscais e o debate de revisão de metas de inflação.