Ibovespa: Vale impulsiona bolsa com minério e expectativa por balanço
Investidores reagem à agenda de resultados e inflação menor que o esperado para a primeira quinzena de abril
Guilherme Guilherme
Publicado em 27 de abril de 2022 às 10h35.
Última atualização em 27 de abril de 2022 às 17h01.
Ibovespa hoje: o principal índice da bolsa brasileira avança nesta quarta-feira, 27, se encaminhando para seu primeiro dia no azul após sete pregões de perdas.
- Ibovespa: + 1,20%, 109.514 pontos
Quem puxa a alta do índice são as ações da Vale (VALE3), que têm o maior peso na carteira teórica do Ibovespa. Os papéis da mineradora sobem mais de 5% com investidores aguardando a divulgação do resultado do primeiro trimestre da empresa, prevista para após o encerramento do pregão.
- Vale (VALE3): + 5,26%
Grande parte das expectativas está ancorada no relatório de produção da empresa, divulgado na semana passada – que foi mal recebido pelo mercado. O balanço financeiro, no entanto, não deve ser prejudicial para as ações, segundo as previsões dos analistas.
As ações do setor de mineração também reagem à alta do minério de ferro, que subiu 2% na bolsa de Dalian, na China. A commodity teve um dia de recuperação em meio a notícias de controle da Covid na China – maior importador de minério do mundo.
No exterior, o dia é também de alívio para as bolsas americanas, que sobem após um pregão de fortes quedas na véspera. O índice de tecnologia Nasdaq – que caiu 4% ontem, em seu pior pregão desde 2020 – hoje apresenta leve alta de 0,11%.
- Dow Jones (EUA): + 0,39%
- S&P 500 (EUA): + 0,32%
- Nasdaq (EUA): + 0,06%
O dia de alívio também se reflete no câmbio, com o real subindo contra o dólar após disparar para R$ 4,99 na sessão passada.
- Dólar comercial: - 0,68%, a R$ 4,957
Destaques de ações
Ações de siderúrgicas, também beneficiadas pela apreciação do minério, acompanham as da Vale entre as maiores altas do pregão.
- CSN (CSNA3): + 5,83%
- Gerdau (GGBR4) + 6,46%
Enquanto esperam pelos números da Vale, investidores reagem positivamente ao balanço da WEG, que voltou a superar as estimativas de mercado em resultado divulgado nesta manhã. Os papéis da companhia sobem mais de 4%.
- WEG (WEGE3): + 4,78%
A fabricante de máquinas e motores industriais teve lucro líquido de R$ 943,9 milhões no primeiro trimestre. O consenso da Bloomberg para o período era de lucro R$ 882,5 milhões. O Ebtida de R$ 1,233 bilhão e a receita líquida de R$ 6,828 bilhões também saíram acima das expectativas.
Os números foram elogiados por Rodrigo Crespi, analista da Guide, que os classificou como "robustos". Segundo ele, o balanço "confirmou a a qualidade e eficiência operacional da empresa tanto domesticamente como no exterior".
No radar de investidores também estão os dados do IPCA-15, que saíram abaixo do esperado. O indicador referente à primeira quinzena de abril ficou em 1,73% ante expectativa de 1,85% de alta. Na comparação anual, a inflação acelerou de 10,79% para 12,03, ficando levemente abaixo do consenso de 12,16%
Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, a inflação pode começar a arrefecer. "Apesar do número elevado há agora a perspectiva mais clara que podemos estar de fato chegando no pico da inflação uma vez que para maio não devemos ter altas de combustíveis", disse em nota.
O IPCA mais fraco contribui com a melhora do sentimento sobre companhias ligadas à atividade local. Os juros futuros caem, enquanto as ações de empresas ligadas ao ciclo econômico brasileiro apresentam fortes altas. Via (VIIA3) e Cogna (COGN3) chegam a subir mais de 2%, enquanto o Magazine Luiza (MGLU3) e mericanas (AMER3) superam 4% de alta.
- Via (VIIA3): + 3,95%
- Cogna (COGN3): + 3,50%
- Americanas (AMER3): + 2,48%
- Magazine Luiza (MGLU3): + 2,70%
Apesar da melhora de sentimento, o IPCA não alterou a percepção do mercado de que o ciclo de alta de juros do Banco Central não irá encerrar na reunião do Copom da próxima semana, como sinalizado inicialmente.
"A Inflação registrou uma surpresa positiva, mas que traz pouco alívio para o cenário do ano. acreditamos que para conter a alta dos preços e as expectativas o BC tenha que elevar seus juros para além dos 12,75% prometido, estendendo o ciclo até junho", disse Luca Mercadante, economista da Rio Bravo.