Pregão de negociação da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 19 de agosto de 2021 às 17h28.
Última atualização em 19 de agosto de 2021 às 17h38.
Após três pregões consecutivos de queda, o Ibovespa subiu nesta quinta-feira, 19, acompanhando o movimento do exterior com as altas no setor de tecnologia. O principal índice da B3 subiu 0,45%, fechando o pregão aos 117.164 pontos. Na semana, o Ibovespa ainda acumula queda de 3,32%.
"Dada a estabilidade do juro futuro, o índice passou por uma correção das recentes quedas, levando investidores às chamadas 'compras de oportunidade', que impulsionaram o Ibovespa", explica Larissa Quaresma, analista da Empiricus.
Mais cedo, a aversão ao risco tomava conta dos mercados, após a ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed) indicar maior apoio à redução de estímulos. Divulgada na última tarde, a ata do Fed revelou grandes discussões sobre o início da retirada dos estímulos de 120 bilhões de dólares mensais, com a antecipação desse movimento ganhando apoio. Ainda assim, seus membros seguem divididos sobre quando começar o processo conhecido como “tapering”.
Para 60% dos membros do Fed, o início da retirada de estímulos deveria ficar para o começo do ano que vem, em janeiro, enquanto o restante quer uma redução dos estímulos ainda neste ano. Outra parte, acredita que se a medida não for antecipada poderá "contribuir para um aumento do risco para o sistema financeiro". No país, a inflação acumulada de 12 meses já supera 5%.
As preocupações são de que a retirada de estímulos afete ainda mais a recuperação econômica. Com sinais de desaceleração na China e com perspectivas de redução de estímulos por parte do Fed, o minério de ferro despencou 12% em Singapura e 7% em Dalian nesta madrugada. O cenário também pressiona a cotação do petróleo Brent, que caiu 1,96% e atingiu, mais cedo, sua menor cotação desde maio.
Ações do setor sentem os impactos na bolsa. Os papéis da Vale (VALE3), que detém a maior participação no Ibovespa, desabaram 5,71%, pressionadas pela forte desvalorização do minério de ferro na Ásia. A siderúrgica CSN (CNSNA3) recuou 5,78% e foi a maior baixa do Ibovespa no dia. Além delas, a siderúrgica Usiminas (USIM5) e a Bradespar (BRAP4) -- holding do Bradesco com grande participação na Vale -- fecham as maiores quedas, com perdas de 5,69% e 5,33%, respectivamente.
Com o segundo maior peso do Ibovespa, os papéis da Petrobras (PETR3/PETR4) caíram 0,95% e 0,56%, respectivamente.
Os temores dos investidores estrangeiros, no entanto, perderam parte da força ao longo do pregão e deram lugar a uma alta do setor de tecnologia. O movimento se refletiu no Brasil, com as ações da Locaweb (LWSA3) e da Totvs (TOTS3) disparando 7,79% e 5,78%, respectivamente.
“Tínhamos uma discussão de reflação no mercado, com aumento da demanda. Mas o cenário hoje é de commodities perdendo força e atividade econômica global ameaçando desacelerar. O mercado pode então, ter precificado que a retirada do tapering seja feita mais para frente”, avalia Bruno Lima, analista do BTG Pactual digital.
O dia foi propício para compras de ações que foram muito penalizadas nas últimas quedas. Foi o caso da CVC (CVCB3), que registrou a maior alta do dia: 7,91%.
Maiores altas |
Maiores quedas | |||||
CVC | CVCB3 |
7,91% | CSN | CSNA3 |
-5,78% | |
Locaweb | LWSA3 |
7,79% | Vale | VALE3 |
-5,71% | |
Totvs | TOTS3 |
5,78% | Usiminas | USIM5 |
-5,69% |
No mercado de câmbio, as incertezas domésticas pesaram negativamente e o dólar avançou 0,89% contra o real, encerrando a sessão negociado a 5,42 reais. “Vimos hoje a continuidade do nosso cenário doméstico turbulento. Embora o presidente do Banco Central tenha reforçado que o BC vai atuar para controlar a inflação, fatores locais seguem pesando sobre o dólar”, afirma Quaresma.