Bolsa: Ibovespa recua, após quinta-feira sangrenta nos mercados internacionais (REUTERS/Paulo Whitaker/Reuters)
Guilherme Guilherme
Publicado em 12 de junho de 2020 às 17h15.
Última atualização em 12 de junho de 2020 às 17h46.
A bolsa brasileira caiu, nesta sexta-feira, 12, refletindo o pessimismo sobre uma segunda onda de contaminação que tomou conta do o mercado financeiro na véspera, quando o mercado brasileiro esteve fechado devido ao feriado de Corpus Christ. O Ibovespa, principal índice de ações, fechou em queda de 2%, em 92.795,27 pontos.
No mercado, a percepção foi a de que a pausa para o feriado teve efeitos positivos. "Era para termos tido uma queda muito grande ontem, talvez até um circuit breaker", afirmou Marcio Loréga. Isso porque o ETF EWZ, que representa a bolsa brasileira, fechou em queda de 7,8%, chegando a cair 9,7% no intradia.
Como não houve pregão no dia anterior, os efeitos negativos foram sentidos hoje no mercado brasileiro. Os impactos, segundo analistas, só não foram maiores, devido ao tom positivo que as bolsas internacionais engataram nesta sexta-feira.
Nos Estados Unidos, o principal índice acionário, o S&P 500 subiu 1,31%. A bolsa londrina também fechou em alta, mesmo após o Reino Unido registrar queda de mais de 20% do PIB.
A possibilidade de uma segunda onda, tida como um maiores temores do mercado financeiro, foi sondada depois de um amento súbito dos casos de coronavírus em estados do oeste americano.
Segundo Loréga, caso uma segunda onda demande novas quarentenas, o impacto econômico pode ser ainda maior do que se demorasse mais tempo para as economias reabrirem. "As empresas estavam tomando empréstimos para que pudessem se reerguer após a reabertura. Se volta a fechar, piora o cenário para honrar pagamentos, o que pode causar um efeito em cascata", disse
EXAME Research — 30 dias grátis da melhor análise de investimentos
O que ajudou a atenuar os temores do mercado foram as falas do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, que afastou a possibilidade de um segundo lockdown nos Estados Unidos.
Pablo Spyer, diretor de operações da Mirae Asset, porém, não acredita que o medo de uma segunda onda tenha sido o principal motivo para as quedas da véspera. "O fato de as ações estarem retomando boa parte das perdas de ontem mostra que o medo de uma segunda onda não é algo sólido. Eles buscaram alguma razão para realizar lucros. Depois de duas semanas de altas muito fortes, a necessidade de realização de lucros era evidente", afirmou.
Mesmo com aumento do desemprego e previsão os Estados Unidos tenham contração de mais de 5% do PIB, o índice de Nasdaq vinha de três recordes históricos, antes das quedas de quinta-feira. Já o S&P 500, com menor concentração de empresas de tecnologia, havia zerado as perdas do ano, na terça-feira.
Para Gustavo Bertotti, economista da Messem Investimentos, foi positivo o mercado brasileiro ter ficado fechado na quinta-feira. "Estamos passando por um ajuste do que ocorreu ontem, mas com impactos menores. Não participamos de toda aquela volatilidade, o que ajudou", disse.
Ainda assim, Bertotti, que via as recentes valorizações da bolsa como "descoladas da realidade", teme o que possa vir a acontecer. "O mercado vinha mais otimista, com tendência de alta. Agora deu uma chacoalhada."
Mesmo com a forte desvalorização dos ativos da bolsa brasileira, Loréga vê os 90 mil pontos do Ibovespa como um ponto de resistência. Mas, de acordo com ele, se essa pontuação for rompida, o Ibovespa poderia chegar facilmente aos 87 mil pontos. "Agora, se cair para baixo disso, a gente pode chegar a perder mais 10 mil pontos", afirmou, com base em análise gráfica.
Também conhecido como “índice do medo”, o índice VIX caiu pouco mais de 10%, mas não conseguiu voltar para a dezena dos 20, onde estava antes de quinta-feira, quando disparou 48% e chegou a fechar acima dos 40 pontos.