Ibovespa recua 3,37% e tem maior queda em um ano com forte correção
O Ibovespa caiu 3,37 por cento, a 83.622 pontos, maior queda desde maio do ano passado
Reuters
Publicado em 17 de maio de 2018 às 17h14.
Última atualização em 17 de maio de 2018 às 19h01.
São Paulo - A bolsa brasileira fechou em forte queda nesta quinta-feira, conforme a manutenção da taxa básica de juros do país, contrariando expectativas de corte, pressionou ações de consumo e abriu espaço para um ajuste negativo amplo no pregão, endossada pelo viés pessimista em outros mercados emergentes.
O Ibovespa caiu 3,37 por cento, a 83.622 pontos, maior queda desde maio do ano passado. O volume financeiro da sessão somou 17,278 bilhões de reais, bem acima da média diária do mês, de 12,6 bilhões de reais. No exterior, o índice MSCI de ações de mercados emergentes caiu 0,95 por cento.
No Brasil, o Copom manteve na quarta-feira a Selic em 6,50 por cento ao ano, justificando que o cenário externo tornou-se mais desafiador e apresenta volatilidade, apesar de reconhecer que a atividade econômica do país perdeu força e o comportamento da inflação continua favorável.
"Parece que este é o piso da Selic e que o próximo movimento, quando acontecer, será de alta", disse o Itaú Unibanco, em nota a clientes, ainda no final da quarta-feira.
O analista de investimentos da Modalmais, Leandro Martins, destacou que a manutenção da Selic surpreendeu o mercado e atingiu principalmente as ações de consumo e varejo, que vinham se beneficiando do cenário de cortes de juros, mas também contaminando outros papéis.
"A bolsa estava ensaiando uma recuperação, com o Ibovespa tendo tocado na véspera máxima em dois meses...o Copom mudou bem o cenário", afirmou Martins
O analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, também atribuiu o movimento na bolsa nesta sessão à decisão do BC, destacando que a retomada da atividade econômica ainda é bem lenta e agora ficou sem o instrumento de juros. "O mercado já especula que a Selic pode subir em setembro", afirmou.
Preocupações com a cena política também respingaram na bolsa, em meio a apreensões sobre eventual avanço do pré-candidato à Presidência da chamada centro-esquerda Ciro Gomes (PDT). A equipe XP Política disse em nota a clientes que há possibilidade concreta de uma aliança de Ciro com o PT.
Destaques
- B2W e VIA VAREJO UNIT caíram 6,16 e 5,50 por cento, respectivamente, com o setor de varejo e consumo como um todo sofrendo após a decisão do Copom.
- BRF recuou 5,82 por cento, tendo no radar também revisão da perspectiva do rating da empresa de alimentos pela Fitch para "negativa", enquanto a nota de crédito foi mantida em "BBB-".
- TIM perdeu 6,36 por cento, com o noticiário da operadora de telefonia incluindo que fechou contrato com a sua controladora, a Telecom Italia, de licenciamento do uso da marca TIM. O presidente da Telecom Italia também descartou qualquer venda da operadora.
- ESTÁCIO cedeu 5,75 por cento, mesmo após prorrogação de programa de recompra de ações, em movimento também influenciado pela manutenção inesperada da Selic. KROTON perdeu 5,53 por cento.
- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 5,23 por cento, em sessão negativa para o setor bancário de modo geral. BRADESCO PN cedeu 4,16 por cento.
- VALE recuou 0,93 por cento, contaminada ainda pelo declínio dos preços do minério de ferro à vista na China.
- PETROBRAS PN caiu 5,26 por cento e PETROBRAS ON cedeu 4,49 por cento, após forte ganhos recentes que colocaram as cotações nas máximas desde 2010. Investidores seguem atentos ao noticiário relacionado às negociações sobre o acordo da cessão onerosa entre a companhia e a União. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que um acordo deve ser concluído na semana que vem.
- ELETROBRAS ON subiu 1,28 por cento, tendo no radar notícia do jornal Valor Econômico de que o governo pretende se valer de uma norma do regimento da Câmara dos Deputados para acelerar a votação da proposta de privatização da companhia. ELETROBRAS PNB caiu 1,13 por cento.