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Bolsa recua com Petrobras e JBS, mas fecha semana em alta; dólar cai

Ibovespa fechou com 96.089,93 pontos e o dólar valendo R$ 3,9317, anulando a alta acumulada da semana

Sessão da Ibovespa também foi marcada pela repercussão de intenso noticiário corporativo, com Localiza entre os destaques do dia após resultado trimestral considerado forte por analistas (Patricia Monteiro/Bloomberg/Bloomberg)

Sessão da Ibovespa também foi marcada pela repercussão de intenso noticiário corporativo, com Localiza entre os destaques do dia após resultado trimestral considerado forte por analistas (Patricia Monteiro/Bloomberg/Bloomberg)

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Reuters

Publicado em 26 de abril de 2019 às 17h18.

Última atualização em 26 de abril de 2019 às 17h59.

São Paulo —  O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, com Petrobras entre as maiores pressões de baixa diante do forte recuo do petróleo no exterior, assim como JBS, que sofreu realização de lucros após renovar máxima histórica na véspera.

A sessão foi marcada pela repercussão de intenso noticiário corporativo, com Localiza entre os destaques positivos, após resultado trimestral considerado forte por analistas.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,33 por cento, a 96.236,04 pontos. O volume financeiro somou 12,2 bilhões de reais. Na semana, contudo, o Ibovespa acumulou alta de 1,75 por cento.

A ausência de notícias relevantes no panorama político ajudou a canalizar as atenções para a pauta corporativa, com novidades efetivas sobre a tramitação da reforma da Previdência aguardadas apenas depois do feriado de 1º de maio.

Após instalação da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisará o mérito da reforma, na quinta-feira, o presidente do colegiado, Marcelo Ramos (PR-AM), disse que os prazos da comissão só começarão a ser contados a partir de 7 de maio.

Agentes no mercado já começam a enxergar sinais de uma melhor articulação do governo para o andamento da proposta que muda as regras das aposentadorias, embora não descartem manutenção da volatilidade nos negócios.

O estrategista Odair Abate, da Panamby Capital, avaliou que a percepção de evolução na tramitação da reforma da Previdência foi a variável mais relevante na semana, mas ele ressaltou que o cenário permanece bastante instável.

Ele ressaltou que a temporada de resultados de empresas tem mostrado números relativamente positivos, incluindo de companhias de setores ainda fragilizados, em um sinal de horizonte animador no caso de melhora do ambiente econômico.

"Qualquer perspectiva melhor pra economia no médio prazo (como a aprovação da reforma da Previdência), pode ser muito estimulante ao mercado", disse, citando juros baixos e alta liquidez internacional como potenciais estímulos adicionais.

No exterior, Wall Street teve uma sessão sem direção única, que encerrou com os principais índices em leves altas, tendo a temporada de balanços também sob os holofotes.

Já os contratos de petróleo fecharam em forte queda após o presidente dos EUA, Donald Trump, voltar a pressionar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep)a elevar a produção para reduzir os preços de gasolina.

DESTAQUES

- PETROBRAS PN caiu 1,91 por cento, contaminada pelo forte recuo dos preços do petróleo no mercado externo. Fonte ouvida pela Reuters também afirmou que o conselho de administração da empresa aprovou nesta sexta-feira uma revisão do Plano de Negócios e Gestão 2019-23, que prevê estudos para a privatização da BR Distribuidora, reduzindo a fatia da estatal na empresa de 71,25 para até 40 por cento. BR DISTRIBUIDORA encerrou em baixa de 1,89 por cento.

- JBS cedeu 5,71 por cento, um dia após renovar cotação recorde, a 20,49 reais, em sessão negativa do setor de proteínas, que tem se valorizado com perspectivas de maior demanda da China diante do surto de febre suína africana naquele país. O Bradesco BBI cortou a recomendação dos papéis da JBS para 'neutra', citando a recente valorização, mas manteve o preço-alvo de 19 reais por papel. Até a véspera, as ações acumulavam em 2019 valorização de 76,79 por cento.

- SABESP subiu 4,72 por cento, maior alta do Ibovespa, tendo ainda no radar expectativas relacionadas à Medida Provisória que atualiza o marco legal do saneamento básico. Analistas do Credit Suisse consideraram positivas alterações apresentadas na véspera pelo relator da matéria na comissão mista no Congresso. O desfecho da MP é considerado crucial para selar o destino da companhia de água e esgoto controlada pelo governo paulista.

- LOCALIZA avançou 4,58 por cento, após reportar alta de quase 20 por cento no lucro do primeiro trimestre, com crescimento das receitas das principais linhas de negócios.

- FLEURY perdeu 6,78 por cento, após balanço do primeiro trimestre não empolgar, com lucro líquido de 96,9 milhões de reais, alta de apenas 0,5 por cento ante mesmo período do ano passado. Analistas do Itaú BBA consideraram o resultado inexpressivo.

- MAGAZINE LUIZA valorizou-se 2,26 por cento, tendo de pano de fundo reportagem do jornal Valor Econômico de que está negociando com exclusividade a compra da varejista online de vestuário Netshoes. Procurado pela Reuters, o Magazine Luiza não quis comentar. Mais cedo, a B3 pediu esclarecimentos sobre a notícia.

- VALE subiu 0,18 por cento, revertendo perdas de mais cedo, diante de queda em papéis de mineradoras no exterior .

- ITAÚ UNIBANCO PN teve variação positiva de 0,24 por cento, enquanto BRADESCO PN caiu 0,3 por cento.

- LOJAS RENNER valorizou-se 0,87 por cento, em meio à repercussão positiva do balanço do primeiro trimestre, com alta de 12,7 por cento nas vendas mesmas lojas no período. A Brasil Plural destacou que a varejista de moda apresentou crescimento atraente e margens saudáveis.

Dólar

O dólar caiu pelo segundo pregão consecutivo ante o real nesta sexta-feira, 26, praticamente anulando a alta acumulada na semana, influenciado pelo ambiente externo tranquilo e pela expectativa em torno da reforma previdenciária.

Um dia após o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, dizer que a autoridade monetária não tem "preconceitos" em relação ao uso de qualquer instrumento cambial, nesta sexta foi a vez de o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar não haver motivos estruturais para a cotação se manter acima de 4 reais.

O dólar à vista fechou esta sessão em queda de 0,62 por cento a 3,9317 reais na venda.

A moeda norte-americana cedeu também no exterior, após a abertura de dados do PIB dos Estados Unidos indicar atividade mais lenta, o que reforça a postura branda do Federal Reserve na política monetária.

Na semana, o dólar acumulou alta de 0,05 por cento. Até quarta-feira, a valorização acumulada era de 1,44 por cento.

A pressão sobre o câmbio cresceu no começo da semana à medida que o mercado demonstrou mais dúvidas sobre a capacidade do governo de se articular a favor de um andamento célere da reforma da Previdência. Para o Morgan Stanley, os níveis alcançados pela moeda norte-americana parecem exagerados.

Estrategistas do banco notam que os prêmios de risco bateram patamares similares aos vistos na época da greve dos caminhoneiros, em maio passado, e que as posições vendidas em real superaram as máximas das eleições presidenciais.

"Isso potencialmente fortalece o caso de o real não ter uma performance tão fraca quanto a temida, conforme preço e posicionamento se alinham", afirmam estrategistas em nota.

O Morgan Stanley estima dólar de 3,50 reais ao fim deste ano. Na Focus, a mediana das projeções colhidas pelo Banco Central aponta taxa de 3,75 reais.

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