Bolsa: Ibovespa cai puxado por exportadoras (Germano Luders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 16 de setembro de 2020 às 10h34.
Última atualização em 16 de setembro de 2020 às 18h05.
A bolsa brasileira fechou em queda nesta quarta-feira, 15, puxada pelas ações de empresas exportadoras em meio à queda do dólar no mercado de câmbio. Entre os investidores, as atenções se voltaram para o comunicado do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que não trouxe grandes novidades, decepcionando os mais otimistas. O Ibovespa, principal índice da B3, caiu 0,62% e encerrou em 99.675,68 pontos.
Como já era amplamente esperado, a taxa de juros americana foi mantida inalterada no intervalo entre 0% e 0,25%. Já o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, deixou a desejar na opinião dos investidores. No mercado, havia alguma esperança de anúncio de novas medidas de estímulo – o que não ocorreu. “Ele não trouxe nenhuma novidade a ponto de animar mercado e o mercado sempre espera mais, está ficando mal acostumado com estímulos”, afirma Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
No Brasil, o Copom irá divulgar o resultado somente após o fechamento dos mercados, às 18h. Até lá, os investidores, que esperam pela manutenção da taxa Selic em 2% ao ano, devem seguir se perguntando se a porta para novos cortes deve seguir aberta. Na ata da última reunião, o Copom sinalizou que eram novos cortes ainda eram possíveis, mas que se fossem feitos, seriam residuais. Mas a elevação do risco fiscal em meio ao aumento de gastos do governo e o aumento da inflação presente nos últimos indicadores de preço reduziram a expectativa do mercado sobre um novo corte.
"Na minha opinião, não tem espaço para novos cortes. Então, acredito que essa parte [sinalização de novos cortes] deve retirada do comunicado", afirma Pedro Silveira, economista-chefe da Nova Futura, que classifica os riscos fiscais e de inflacionário como possíveis pontos sensíveis a uma nova queda de juros.
Nesta manhã, os EUA divulgaram os dados de vendas no varejo de agosto, que tiveram 0,6% de alta mensal, ficando abaixo das expectativas de 1% de crescimento. Na véspera, os dados americanos de produção industrial também decepcionaram.
Em meio à queda do dólar, as ações das principais exportadoras do Brasil figuraram entre as maiores quedas do Ibovespa, puxando o índice para baixo. Na ponta negativa, ficaram as ações Minerva, que caíram 3,6%, enquanto suas concorrentes JBS e Marfrig caíram 3,15% e 2,4%, respectivamente. Com cerca de 10% do índice, os papéis da Vale caíram 2,6%, enquanto a CSN caiu 1,7%. Como fator adicional à queda do dólar, esteve a desvalorização do minério de ferro, que caiu 5% na China. Suzano e Klabin tiveram respectivas perdas de 2,68% e 1,69%.