São Paulo - O principal índice da Bovespa devolvia ligeira alta registrada do início da sessão desta segunda-feira e passava ao campo negativo, ignorando o ânimo trazido a mercados externos por um acordo entre o Irã e potências mundiais em uma sessão fraca em indicadores econômicos.

Às 11h04, o Ibovespa tinha variação negativa de 0,5 por cento, a 52.535 pontos. O giro financeiro do pregão era de cerca de 610 milhões de reais.

"Hoje especificamente estamos com uma agenda de dados bem vazia... é mais um movimento lateral do mercado diante da insegurança com a bolsa brasileira", afirmou o analista de renda variável João Pedro Brugger, da Leme Investimentos.

Segundo ele, o mercado mantinha a dinâmica dos últimos dias, em que a desconfiança em relação à política fiscal brasileira atrapalhou o desempenho do Ibovespa. Aliado à incerteza sobre o futuro da política de estímulos monetários do banco central norte-americano, tal cenário se sobrepunha ao bom humor internacional provocado por um acordo do Irã de potências mundiais para limitar o programa nuclear iraniano, alcançado no fim de semana. O preços do petróleo recuavam em reação ao acordo, conforme perdiam força temores sobre a oferta global da commodity.

Fortes sanções contra o Irã nos últimos dois anos reduziram as exportações de petróleo do país. Contudo, as ações preferenciais da Petrobras avançavam. "Se o petróleo cai um pouco, isso não necessariamente é ruim para a Petrobras, pois reduz a defasagem de preços (nacionais e internacionais) que atrapalha a empresa", afirmou Brugger, da Leme Investimentos. Na ponta negativa, papéis de bancos eram as maiores pressões sobre o Ibovespa. Nesta semana, o plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) começará a julgar a correção de perdas das cadernetas de poupança em diversos planos econômicos do passado.

Uma decisão favorável a poupadores poderá trazer impacto sistêmico aos bancos, afirmou à Reuters uma importante fonte da equipe econômica ligada ao assunto. No outro sentido, Gol tinha a maior alta do índice, depois de divulgar mais cedo seus dados operacionais de outubro. A compania anunciou alta de 14 por cento no indicador que mede preços de passagens (yield) sobre o mesmo mês do ano passado, e a taxa de ocupação das aeronoaves terminou outubro em 73,7 por cento, maior nível registrado em 2013.