Ibovespa fecha setembro no positivo, com salto de 2,2% antes de eleição
Pregão foi o último antes de votação deste fim de semana; PCE sai acima do esperado e pressiona negociações em bolsas de Wall Street
Guilherme Guilherme
Publicado em 30 de setembro de 2022 às 10h36.
Última atualização em 5 de outubro de 2022 às 17h43.
O Ibovespa fechou esta sexta-feira, 30, em forte alta de olho nas eleições presidenciais de domingo e apoiado nas fortes altas de Vale (VALE3) e siderúrgicas.
O salto de2,2%ajudou o índice a virar para o positivo no acumulado do mês – uma alta de0,47%. Vale lembrar que setembro foi um período de alta volatilidade, com o exterior pesando negativamente após nova alta de juros nos Estados Unidos.
- Ibovespa : + 2,20%, 110.036 pontos
Parte da força do índice no dia veio do campo político. O mercado avaliou os desdobramentos de uma possível vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas de intenção de voto que indicam, inclusive, possibilidade de vitória do petista já no primeiro turno.
O mercado aprovou as últimas sinalizações que indicam uma possível indicação de Henrique Meirelles, ex-Banco Central e pai do teto de gastos, para o Ministério da Economia. A hipótese ganhou força nesta sexta após a revista Veja publicar que assessores de Lula já dão como certa a nomeação de Meirelles. O nome é bem visto pelo setor financeiro e poderia indicar uma política econômica mais centrista de um novo governo petista.
"O mercado começou a precificar uma vitória do Lula e já cria essa narrativa positiva de uma equipe econômica pró-mercado", avalia Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
O otimismo impactou também a curva de juros, que fechou em todos os vértices e impulsionou a alta de ações mais ligadas à economia local, como varejistas. Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) lideraram as altas do dia.
- Magazine Luiza (MGLU3): + 10,62%
- Via (VIIA3): + 8,50%
- Americanas (AMER3): + 6,99%
Em pontos, a maior força para a alta do índice veio das ações associadas ao minério de ferro, que avançaram com o apetite estrangeiro mesmo com a queda mensal da commodity.
A alta ocorreu após a divulgação dos dados dos índices de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) da China. "Os dados romperam a barreira de 50 pontos, indo para um território otimista com a economia chinesa”, afirma Cruz. Vale lembrar que o país é o principal mercado consumidor de minério de ferro, e a perspectiva de melhora impulsiona ações do setor.
- Usiminas (USIM5): + 7,43%
- CSN (CSNA3): + 5,65%
- Vale (VALE3): + 5,48%
O movimento destoou do mercado americano, que fechou em queda após os números da inflação dos Estados Unidos saírem acima do esperado nesta manhã.
O núcleo do Índice de Preço sobre Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês), uma das principais referências para as políticas de juros do Federal Reserve ( Fed, o banco central americano), subiu 0,6% em agosto. No acumulado de 12 meses, o núcleo do PCE foi para 4,9%, adicionando doses de incertezas no mercado, que esperava por um a taxa de 4,7%.
Índices de ações encerraram o dia em baixa em Wall Street após a divulgação do PCE e, ainda que tenham recuperado parte das perdas do início do pregão, caminham para fechar o mês em queda – o segundo consecutivo.
- Dow Jones (EUA): - 1,71%
- S&P 500 (EUA): - 1,51%
- Nasdaq (EUA): - 1,51%
Apesar da maior cautela no mercado americano, bolsas da Europa apresentaram firmes altas, mesmo após a inflação da Zona do Euro registrar novo recorde nesta sexta. O Índice de Preço ao Consumidor (IPC) da região salou 1,2% em setembro, acelerando a taxa acumulada em 12 meses de 9,1% para 10%. O consenso era de 9,7%.
No Brasil, ao menos, dados econômicos seguem alimentando a perspectiva de melhora da atividade econômica. Nesta sexta foram os dados do mercado de trabalho que corroboraram com o maior otimismo, com a taxa de desemprego caindo de 9,1% para 8,9%.
"A queda do desemprego foi reflexo direto da retomada das áreas que foram mais afetadas pela pandemia. Apesar de importante para a conjuntura atual, a queda no desemprego se apoia muito mais em fatores conjunturais do que em eventuais mudanças estruturais", disse a CM Capital em nota.