Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 9 de agosto de 2021 às 09h29.
Última atualização em 9 de agosto de 2021 às 15h54.
Após oscilar entre perdas e ganhos na maior parte do pregão, o Ibovespa caminha para encerrar no positivo nesta segunda-feira, 9. Apesar das quedas de Petrobras (PETR3/PETR4) e Vale (VALE3), que têm as maiores participações no índice, ações de grandes bancos puxam o movimento de alta. Às 16h, o principal índice da B3 avança 0,40%, aos 123.302 pontos. O destaque da sessão são os papéis da Viveo (VVEO3), que estreiam em alta de 9,54%, após ter movimentado 2 bilhões de reais em sua oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) .
Para as commodities, o principal ponto de preocupação é a China. O país registrou o maior número de novos casos de covid-19 desde janeiro na última sexta-feira, e adotou novas restrições para conter o avanço da doença. As medidas podem enfraquecer a retomada econômica da China, cuja previsão de PIB para 2021 já foi revisada para baixo pelo Goldman Sachs neste final de semana.
A consequência recai sobre o mercado de commodities, que deve enfrentar uma queda de demanda com o enfraquecimento das economias. Nesta tarde, o petróleo Brent recua 2,80%, enquanto o WTI, referência para o mercado americano, cai 2,3%. Já o minério de ferro, em Dalian, fechou em queda de mais de 4%.
Outro ponto de atenção é que a demanda chinesa vinha em queda mesmo antes do novo surto de covid. Números de importação da China divulgados no último sábado, 7, mostram que as importações de cobre e minério de ferro caíram pelo quarto mês consecutivo em julho. As compras de petróleo ficaram abaixo de 10 milhões de barris por dia também pelo quarto mês seguido, com queda de quase 6% no ano.
No Brasil, as quedas prejudicam as ações de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3/PETR4), papéis que juntos representam 21,5% do Ibovespa. As ações da mineradora recuam 0,27%, enquanto as da petroleira registram quedas superiores a 1%.
O índice também é pressionado pelo cenário fiscal. O Ibovespa chegou a operar em queda no fim da manhã quando o presidente Jair Bolsonaro entregou ao Congresso a medida provisória que cria o novo programa social do governo, batizado de Auxílio Brasil.
A MP revoga o Bolsa Família e é uma das principais apostas de Bolsonaro na disputa à reeleição em 2022. O projeto, entretanto, foi entregue sem a definição de valores dos benefícios ou impactos fiscais do novo programa.
Investidores monitoram as discussões que propunham uma elevação do benefício de 192 reais para 400 reais, atentos a como o governo pretende custear a mudança. Os temores são de que o gasto extra fique fora do teto de gastos.
Uma das formas de abrir espaço no Orçamento seria através do parcelamento de precatórios, proposta que deve ir a plenário ainda esta semana. Vista por analistas como uma forma de ‘calote’, a medida propõe parcelar o pagamento dos precatórios de 2022, no valor de 90 bilhões de reais.
Assim como o Ibovespa, o real aprofundou as perdas após a entrega da MP. O dólar cai 0,10% e é negociado a 5,231 reais, com investidores buscando ativos de menor risco.
No Ibovespa, as ações do BTG Pactual (BPAC11, do mesmo grupo controlador da Exame) lideram as altas, subindo 4,71%, com investidores otimistas sobre o resultado trimestral que será divulgado pelo banco na manhã desta terça-feira. 10.
A expectativa também é grande sobre o setor de papel e celulose, que começa a divulgar balanços nesta semana. Na manhã de terça, a Klabin (KLBN11) irá a abrir a temporada de resultados do setor, com divulgação de balanço antes mesmo do início do pregão. Na bolsa, as ações da empresa sobem 2,78%, enquanto as da Suzano (SUZB3) sobem 4,11%. Seu resultado está previsto para a noite de quarta-feira, 11.
Com grande participação no índice, os grandes bancos de varejo também operam no campo positivo, com o Itaú (ITUB4) subindo 1,3%, Bradesco (BBDC3/BBDC4) cerca de 0,7%.
Os bancos também operam em terreno positivo, ainda em repercussão aos balanços divulgados na última semana e ao aumento na taxa Selic para 5,25% ao ano. As ações do Itaú (ITUB4), que têm 6% de participação no índice, sobem 1,3% e as do Bradesco (BBDC3/BBDC4) cerca de 0,7%. O Banco Inter (BIDI11), com menor participação, sobe 2,15%.