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Ibovespa fecha em queda com bancos; elétricas despencam

O índice fecou em queda de 2%, pressionado pelas ações dos bancos e com destaque negativo para o setor elétrico


	Entrada da Bovespa: o Ibovespa recuou 2,21%, a 48.840 pontos
 (Hugo Arce/Fotos Públicas)

Entrada da Bovespa: o Ibovespa recuou 2,21%, a 48.840 pontos (Hugo Arce/Fotos Públicas)

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Da Redação

Publicado em 9 de janeiro de 2015 às 18h29.

São Paulo - O principal índice da Bovespa fechou em queda nesta sexta-feira, pressionado pelas ações dos bancos, em sessão também negativa nas bolsas em Nova York, mesmo após dados mostrando criação de empregos acima do esperado nos Estados Unidos.

O setor elétrico também foi destaque negativo no pregão, em meio a incertezas sobre novo empréstimo para socorrer as distribuidoras de energia, bem como perspectiva de menos chuvas no mês.

Após avançar nos três dias anteriores, o Ibovespa recuou 2,21 por cento, a 48.840 pontos, o que fez com que a primeira semana efetiva de 2015 terminasse com alta acumulada de 0,68 por cento. O volume financeiro na bolsa somou 5,1 bilhões de reais, abaixo da média dos primeiros pregões do ano.

Nos Estados Unidos, o Departamento do Trabalho reportou a criação de 252 mil vagas fora do setor agrícola no mês passado, depois da abertura de 353 mil em novembro de acordo com dados revisados, mas alguns analistas viram os dados de renda com menos otimismo.

Em Wall Street, após duas altas seguidas, as vendas predominavam, sustentando o S&P 500 no vermelho.

No Brasil, os papéis de Itaú Unibanco e Bradesco recuaram 4,37 e 4,34 por cento, respectivamente, o que pesou no Ibovespa, uma vez que combinados os dois respondem por quase 20 por cento do índice. Banco do Brasil caiu 4,33 por cento.

Em entrevista à Reuters, um executivo do Itaú disse que a instituição pode aumentar as provisões para perdas com inadimplência de empresas em 2015, como resultado dos efeitos do escândalo de corrupção envolvendo as maiores empreiteiras do país e a Petrobras.

"A queda pode ser mais realização... Mas tem um notícia nova que não estava no radar e é negativa, que é esse (possível) aumento de provisões para empréstimo por conta da Lava Jato, por parte do Itaú", disse Thiago Montenegro, da Quantitas Asset Management.

As ações da Petrobras, por sua vez, reverteram as perdas da manhã e fecharam entre as poucas altas do índice, um dia após dispararem em razão de cobertura de posições por agentes que haviam alugado os papéis para vendê-los (short squeeze).

A companhia informou na quinta-feira, em esclarecimento sobre notícia veiculada na mídia, que não há decisão quanto ao reajuste no preço da gasolina e do diesel. O mercado segue no aguardo da divulgação do resultado trimestral não auditado, prometido para este mês.

Elétricas

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse na véspera que o governo deverá tomar na segunda-feira uma decisão sobre as distribuidoras, que precisam de cerca de 2,5 bilhões de reais para quitar dívidas com a compra de energia dos dois últimos meses de 2014. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff já deu aval para que a pasta negocie com o Ministério da Fazenda uma solução, que deve passar por um empréstimo bancário e uma solução de longo prazo.

À Reuters, uma fonte a par do assunto disse que o BNDES aceita participar de um novo empréstimo desde que os outros dois bancos federais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, participem da operação de forma equânime.

Em nota a clientes, o analista Marco Aurelio Barbosa, da CM Capital Markets, avalia que o resultado das negociações pode elevar substancialmente o risco de inadimplência que pode ser recorde entre as empresas de energia.

A revisão para baixo das expectativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para as chuvas em janeiro no Sudeste e Centro-Oeste, de 82 para 56 por cento da média histórica, adicionou pressão aos papéis.

"É muito cedo para especular sobre qualquer ação mais efetiva, como potencial racionamento, mas a notícia acende uma luz amarela", disse o BTG Pactual em email a clientes.

O índice de ações do setor elétrico caiu 5,08 por cento, em sessão que ainda incluiu o primeiro leilão de transmissão de 2015. Cteep, que não faz parte do Ibovespa, recuou 8,56 por cento, também afetada por determinação de órgão interno da Aneel de que tem direito a uma indenização de 3,6 bilhões de reais por investimentos não amortizados nos ativos antigos de transmissão que tiveram a concessão renovada.

"Isso está de acordo com os dados preliminares calculados pela ISA Colômbia em 2012, quando optou por ficar no Brasil, mas ainda é 30 por cento inferior à avaliação de 5,2 bilhões de reais de peritos independentes", disse o UBS, em nota a clientes, cortando a recomendação da ação para "neutra".

O setor imobiliário também também figurou na ponta negativa, em meio a uma notícia, do jornal Valor Econômico, de que o governo pode tributar investimentos em letras de crédito imobiliário (LCI). "Se confirmado, é ruim para o setor, uma vez que já é um segmento bastante dependente de crédito por natureza e esse crédito agora vai ficar mais caro", disse o gestor de um banco no Rio de Janeiro. "O que mitiga o efeito no curto prazo é que 2015 já não será um ano de muitos lançamentos no setor, ou seja, a demanda por crédito novo também deve ser baixa. De qualquer forma, piora o fundamento para o setor no longo prazo", afirmou.

As siderúrgicas voltavam a sofrer realização de lucros nesta sessão, após fortes ganhos nos primeiros pregões de 2015 amparados em um cenário de reajuste de preços e em meio a depreciação cambial. Entre elas, Gerdau perdeu 5,48 por cento.

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