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Ibovespa fecha em alta de 2% após Fed subir juro pela 1ª vez desde 2018

Elevação foi de 25 pontos base, em linha com as projeções de mercado; investidores aguardam decisão do Copom desta noite

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 16 de março de 2022 às 17h22.

Última atualização em 16 de março de 2022 às 19h58.

Ibovespa hoje: o principal índice da B3 fechou em alta nesta quarta-feira, 16, acompanhando o movimento das bolsas de Nova York, após o Federal Reserve (Fed) cumprir as expectativas do mercado e subir a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 25 pontos base.  O intervalo de juros saiu de 0% e 0,25% para 0,25% e 0,50%. Este foi o primeiro aumento do Fed desde 2018.

Ibovespa: + 1,98%, 111.112 pontos
S&P 500 (EUA): + 2,24%
Dólar: - 1,27%, 5,093 reais

A magnitude da elevação foi apoiada por oito dos nove membros votantes. Somente James Bullard votou por uma alta de 50 pontos base, que levaria o juro até 0,75%. Bolsas do Brasil e Estados Unidos reduziram as altas logo após a decisão, mas conseguiram se manter no campo positivo.

"A decisão não surpreendeu o mercado, o que explica a reação mais moderada. O Bullard, inclusive, já havia sinalizado uma postura mais dura quanto à alta de juro", disse Jefferson Laatus, sócio-fundador e estrategista-chefe do Grupo Laatus.

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Em comunicado sobre a decisão, o Fomc pontuou o elevado nível da inflação, a queda do desemprego no país e os efeitos colaterais da guerra na Ucrânia como justificativas para os juros mais altos. O documento ainda diz que novos aumentos deverão "ser apropriados". "Além disso, o Comitê espera começar a reduzir suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências em uma próxima reunião."

Após a decisão, os juros futuros de curto prazo subiram, com as apostas de uma alta mais forte na próxima reunião ganhando força. A probabilidade de elevação de 50 pontos bases para a reunião de maio passou de 2,7%, na véspera, para 59,4%, segundo o monitor de taxa de juros da Investing.

"Não iniciar seu programa de diminuição de ativos, deixando isso para a próxima reunião, acabou soando 'frouxo' e assim os juros mais curtos dispararam. O Fed deveria iniciar sua política de vendas de ativos, que é similar a uma política monetária contracionista. Ao vender os ativos no seu balanço, o Fed retira dinheiro do sistema", disse em nota André Perfeito, economista-chefe da Necton.

Em discurso pós-decisão, Powell disse que o anúncio sobre a redução do balanço deve ocorrer em maio. O presidente do Fed ainda afirmou que pode aumentar o ritmo de alta de juros, se achar apropriado.

No Brasil, investidores seguem à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para às 18h30. O consenso para esta noite é de 100 pontos base de alta, com a Selic saindo de 10,75% para 11,75%. Economistas já projetam alta para acima de 13% até o fim do ano. O real esteve entre os melhores desempenhos entre divisas emergentes, com investidores à espera de juros ainda mais altos no país.

A valorização da moeda local levou à queda de mais de 1% do dólar, que fechou abaixo abaixo de 5,10 reais. O aumento do diferencial de juros em relação às economias desenvolvidas aumenta a atratividade do país para o carry trade, que consiste em buscar ganhos por meio do spread entre juros de diferentes países.

Destaques do pregão

Além das decisões de política monetária, investidores seguem atentos aos balanços do quarto trimestre. As ações da CVC saltaram 17,15% nesta quarta e lideraram os ganhos do Ibovespa, após o seu resultado, divulgado na última noite, sair acima das projeções de analistas. A companhia registrou Ebitda ajustado positivo de 8,9 milhões de reais ante expectativa de perda 240,5 milhões de reais, segundo o consenso da Bloomberg. A receita líquida ficou em 314 milhões de reais acima dos 240,5 milhões de reais projetados pelo mercado.

CVC (CVCB3): + 17,15%

"Os números operacionais do quarto trimestre reforçam nossa recomendação de compra para as ações da CVC", disse Vitor Mello, analista do BTG Pactual, no programa Abertura de Mercado desta quarta.

Entre as maiores altas ainda fecharam as ações da Locaweb (LWSA3) e Banco Inter (BIDI11). A Magazine Luiza (MGLU3), que caiu mais de 8% na última sessão em reação ao balanço do último trimestre, recuperou parte das perdas, encerrando com valorização de 5,34%.

Locaweb (LWSA3): + 10,33%
Banco Inter (BIDI11): + 9,94%
Magazine Luiza (MGLU3): + 5,34%

Apesar das fortes altas, foram as ações da Vale (VALE3), com a maior participação no Ibovespa, que puxaram o índice para cima. Os papéis da companhia subiram mais de 2%, acompanhando a valorização do minério de ferro, que voltou a subir depois de tocar das últimas duas semanas na véspera. Esperanças de estímulos na China, a maior consumidora do mundo, impulsionaram o preço da commodity.

Vale (VALE3): + 2,48%

Petrolíferas, por outro lado, caíram seguindo a desvalorização do petróleo brent, que voltou a ser negociado abaixo dos 100 dólares por barril pelo segundo dia seguido. A commodity, que chegou a tocar 139 dólares na última semana, tem perdido força com preocupações sobre a demanda, após novas medidas para conter a Covid-19 na China.

PetroRio (PRIO3): - 2,32%
3R (RRRP3): - 2,55%
Petrobras (PETR4): - 0,87%

Na ponta negativa, a Yduqs (YDUQ3) liderou as perdas da sessão, com investidores reagindo negativamente aos números apresentados pela rede de educação na noite anterior. A empresa apresentou prejuízo líquido de 74,3 milhões de reais no período, mais que o triplo do prejuízo de 20,5 milhões de reais apontado pelo consenso da Bloomberg.

Yduqs (YDUQ3): - 10,48%

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