Mercados

Ibovespa e dólar fecham praticamente estáveis antes da CCJ

Dólar à vista fechou em alta de 0,08%, a R$ 3,9328 na venda; Ibovespa encerrou com variação positiva de 0,02%, a 94.599,16 pontos

Altas fortes da moeda norte-americana e do Ibovespa foram contidas por falta de novidades sobre a reforma da Previdência (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

Altas fortes da moeda norte-americana e do Ibovespa foram contidas por falta de novidades sobre a reforma da Previdência (Mohamed Abd El Ghany/Reuters)

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Reuters

Publicado em 22 de abril de 2019 às 17h10.

Última atualização em 22 de abril de 2019 às 17h48.

O Ibovespa fechou praticamente estável nesta segunda-feira, 22, minado principalmente pelo declínio das ações da Vale, em pregão com volume financeiro reduzido e marcado por expectativas sobre prováveis ajustes na proposta de reforma da Previdência.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com variação positiva de 0,01 por cento, a 94.588,06 pontos. O volume financeiro somou 10 bilhões de reais, contra média diária de 16,5 bilhões de reais em 2019.

O pregão fechou com agentes no aguardo do anúncio de "modificações pequenas" na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência, que o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, disse que acontecerá até a manhã de terça-feira.

As alterações estão sendo negociadas com parlamentares para a votação do texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados também na terça-feira, primeiro passo da tramitação da matéria.

Marinho garantiu que as eventuais alterações não irão diminuir a economia buscada pelo governo. A PEC enviada pelo Executivo prevê uma economia de 1,1 trilhão de reais em 10 anos.

O Ibovespa tocou a máxima da sessão pouco após os comentários de Marinho, chegando a superar 95 mil pontos.

"Um acordo tende a facilitar a aprovação da matéria na CCJ por ampla maioria, o que demonstraria uma melhora na capacidade de articulação política do governo", afirmou o operador Alexandre Soares, da BGC Liquidez.

Ameaças esparsas de greve dos caminhoneiros após a Petrobras elevar o preço do diesel também estiveram no radar, em meio à reunião de representantes da categoria com o ministro da Infraestrutura iniciada após fechamento dos mercados nesta segunda-feira.

A corretora Mirae Asset também chamou a atenção em nota mais cedo para a safra de resultados de empresas brasileiras, que ganha fôlego nos próximos dias, incluindo os números de Cielo (dia 23), Bradesco (dia 25) e Lojas Renner (dia 25).

Estrategistas do Santander Brasil esperam nova rodada de resultados saudáveis na temporada de balanços que acaba de começar, conforme relatório distribuído a clientes nesta segunda-feira.

No exterior, as bolsas norte-americanas terminaram sem uma direção única, com pequenas oscilações, com investidores preferindo não fazer grandes apostas antes de uma bateria de resultados de grandes empresas nos Estados Unidos.

Destaques

- AMBEV subiu 2,46 por cento, entre as maiores altas, em meio a perspectivas favoráveis para o resultado trimestral, agendado para o começo de maio. Analistas do Goldman Sachs avaliam que os números dos primeiros três meses do ano devem mostrar retorno da companhia de bebidas para o crescimento e reiteraram recomendação de compra para as ações.

- JBS avançou 4,11 por cento, retomando o fôlego após perder pouco mais de 6 por cento nos dois pregões anteriores, em movimento de correção depois de renovar cotação recorde na última terça-feira. O papel tem se beneficiado, entre outros fatores, do surto de peste suína africana na China.

- VALE caiu 2,43 por cento, pressionada pelo noticiário envolvendo potenciais desdobramentos do desastre em Minas Gerais no fim de janeiro. Segundo reportagem do Valor Econômico, o relator da CPI de Brumadinho no Senado pretende propor em seu relatório final aumento na Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem), espécie de royalty pago pelas mineradoras, para 10 por cento.

- CSN recuou 2,69 por cento, também entre as maiores quedas, contaminada pelo risco de aumento no royalty pago pelas mineradoras, tendo de pano de fundo valorização de mais de 70 por cento em 2019 até a última quinta-feira.

- CIELO cedeu 2,79 por cento, pressionada pelo aumento da guerra de preços no setor de meios de pagamentos. Desta vez, a empresa de adquirência Safrapay, do Banco Safra, anunciou que não cobrará MDR nas transações de cartão de crédito para vendas até 50 mil reais por mês. Ainda, o PagSeguro anunciou sistema de pagamento instantâneo para operações de crédito e débito.

- BANCO DO BRASIL caiu 1,04 por cento, pior desempenho entre ações de bancos listadas no Ibovespa, após acumular na última semana elevação de 4,5 por cento. Entre os privados, ITAÚ UNIBANCO PN recuou 0,27 por cento, mas BRADESCO PN subiu 0,8 por cento. Na semana passada, eles acumularam declínios de 0,36 e 0,46 por cento, respectivamente.

- PETROBRAS PN encerrou com decréscimo de 0,58 por cento, mas PETROBRAS ON subiu 0,36 por cento, em sessão de forte alta dos preços do petróleo no mercado internacional, enquanto agentes financeiros continuam atentos ao noticiário envolvendo eventual influência do governo na estratégia operacional da petrolífera de controle estatal.

- BR DISTRIBUIDORA fechou com elevação de 2,93 por cento, em nova sessão positiva, após fortes perdas desde o começo de abril. ULTRAPAR, por sua vez, caiu 1,94 por cento.

Dólar

O dólar terminou esta segunda-feira perto da estabilidade ante o real, à medida que agentes de mercado optaram por movimentações leves e sem abertura significativa de novas posições antes da votação da reforma da Previdência na CCJ da Câmara, prevista para terça-feira.

Porém, numa evidência do clima de apreensão do mercado, a volatilidade implícita das opções de dólar/real voltou a subir, rondando máximas em quase quatro semanas.

O dólar à vista fechou com variação positiva de 0,08 por cento, a 3,9328 reais na venda.

A cotação oscilou entre queda de 0,40 por cento (a 3,9139 reais) a alta de 0,18 por cento (para 3,9370 reais).

Na B3, a referência do dólar futuro subia 0,43 por cento, a 3,9375 reais.

"O clima é de espera", resumiu Thiago Silencio, operador de derivativos na CM Capital Markets. Segundo ele, diante da expectativa de que o texto da reforma seja aprovado na CCJ, será importante voltar as atenções para o placar potencialmente favorável ao governo.

O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, admitiu nesta segunda-feira que pequenas mudanças na reforma da Previdência serão anunciadas até a manhã de terça-feira, em meio à negociação com parlamentares para a votação do texto na CCJ da Câmara.

O receio é que as concessões do governo possam desidratar a reforma, com risco de economia substancialmente menor que a de 1,1 trilhão de reais defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

A postura mais cautelosa do mercado de certa forma "protegeu" o câmbio de uma depreciação mais intensa nesta sessão, marcada por perdas em moedas de perfil semelhante ao real, como rand sul-africano, sol peruanno e peso mexicano.

Ainda assim, a apreensão foi explicitada na alta de uma medida de incerteza do mercado --a volatilidade implícita, calculada a partir dos preços das opções de compra (call) de dólar.

A volatilidade implícita subiu nesta segunda-feira para 13,5330 por cento, reaproximando-se da taxa de 13,5580 por cento alcançada no último dia 17, maior patamar desde 27 de março (15,1250 por cento).

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